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Prostituição, insegurança, ruído, lixo e falta de estacionamento preocupam moradores de Lisboa

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Os moradores da freguesia lisboeta de Avenidas Novas queixaram-se na quarta-feira da prostituição no bairro do Alto do Parque, insegurança, ruído, lixo e falta de estacionamento, inclusive devido à ciclovia na Avenida de Berna.

As preocupações foram levantadas durante a primeira reunião pública descentralizada do atual executivo camarário, sob a presidência de Carlos Moedas (PSD), onde foram ouvidos 18 residentes das freguesias de Campolide e Avenidas Novas.

Moradores do bairro do Alto do Parque alertaram para a existência de prostituição e "um problema de tráfico humano", com impacto na higiene das ruas e na segurança, nomeadamente gerando "rixas entre proxenetas".

Os cidadãos defenderam a necessidade de mais patrulhamento policial e a reabertura da esquadra de Avenidas Novas.

Carlos Moedas disse que o problema da prostituição neste bairro existe há muitos anos e deixou o compromisso de o incluir na próxima reunião do Conselho Municipal de Segurança, porque "tem que ser resolvido com a Polícia de Segurança Pública e com a Polícia Municipal", acrescentando que quanto à esquadra é preciso "continuar a insistir" com o Governo.

O comandante da Polícia Municipal de Lisboa, Paulo Caldas, indicou que a prostituição nesta zona está a "retomar índices elevados", pelo que desde finais de fevereiro tem existido "um policiamento de saturação", com fiscalização dos condutores que circulam no interior do bairro.

O dirigente ressalvou, no entanto, que a prostituição "não é um crime, é um problema social, eventualmente", e que "não está em causa nenhuma atividade" de exploração de prostituição, essa sim criminalizada.

O presidente da Junta de Freguesia de Avenidas Novas, Daniel Gonçalves (PSD), comprometeu-se a "lutar até ao fim" do mandato para que a esquadra seja reposta.

O autarca defendeu que seria "facílimo" eliminar a prostituição, tal como já foi possível na Avenida da Liberdade, de muito maior dimensão.

Quanto à ciclovia da Avenida de Berna, contestada pelos moradores devido à "supressão de mais de 160 [lugares de ] estacionamentos", Daniel Gonçalves defendeu a eliminação do que chamou "uma aberração".

Carlos Moedas afirmou que o projeto do executivo é "não criar fricção" entre diferentes opções de mobilidade, conjugando ciclovias e estacionamento automóvel, para "evitar ao máximo" suprir lugares de estacionamento.

O ruído do restaurante Praia no Parque, que funciona também como bar e discoteca, foi acusado de transformar a vida dos moradores "num inferno".

Os moradores disseram temer que uma eventual residência de estudantes na Avenida 5 de Outubro possa colocar em causa o seu descanso, mas a câmara municipal informou que o projeto ainda "não está licenciado".

Os residentes de Campolide apontaram como principais problemas a falta de requalificação do espaço público, inclusive buracos no pavimento das ruas, o estado de degradação das habitações, nomeadamente nos bairros da Liberdade, da Serafina e da Bela Flôr, onde há casas sem saneamento básico, a intervenção "punitiva e até predadora" da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) e a higiene urbana.

Os moradores questionaram a segurança da construção de túneis de drenagem entre Monsanto e Santa Apolónia e entre Chelas e o Beato, obras no valor de cerca de 133 milhões de euros, que implicam perfuração em zonas de prédios de habitação.

A câmara garantiu que "os tuneis são uma solução tecnicamente correta, não há que ter medo", realçando a importância da intervenção para preparar Lisboa para as alterações climáticas.

Relativamente ao estado de abandono da encosta de Monsanto, nomeadamente os bairros da Liberdade e da Serafina, a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida, avançou que o planeamento urbano pode passar por limitar uma área de reabilitação urbana, a fim de intervir no território.

O presidente de Junta de Campolide, Miguel Belo Marques (PS), reforçou que a freguesia que representa é a que tem mais edifícios devolutos da cidade, defendendo que no âmbito do acesso à habitação é preciso reforçar o investimento nos programas de Renda Acessível e de Arrendamento Apoiado.