Rússia alerta que excluí-la de Conselho de Direitos Humanos da ONU enfraquecerá órgão
A Rússia alertou hoje que a sua possível suspensão do Conselho de Direitos Humanos da ONU enfraquecerá o caráter universal daquele órgão e deixará nas mãos do Ocidente o controlo total em matéria de direitos humanos.
"A exclusão da Rússia do Conselho enfraquecerá, sem dúvida, a sua universalidade, eficácia e, na prática, deixará as mãos livres aos países do Ocidente para exercerem um controlo total sobre a esfera dos direitos humanos", declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, numa conferência de imprensa.
A Assembleia-Geral da ONU, composta pelos 193 Estados-membros da organização, reúne-se na quinta-feira em Nova Iorque para votar o pedido de suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos.
A iniciativa do pedido coube à Ucrânia, aos Estados Unidos e ao Reino Unido, após as graves acusações feitas às tropas russas na Ucrânia, em especial o massacre de centenas de civis na cidade de Bucha e noutras localidades.
Vários outros países, entre os quais o Canadá, Colômbia, República Checa, Estónia, França, Alemanha, Itália e Japão, apoiam o pedido.
Para tal, os promotores da iniciativa fizeram circular um projeto de resolução que propõe a suspensão dos direitos de participação da Rússia no Conselho de Direitos Humanos e que poderá ser aprovado com dois terços dos votos dos Estados-membros da ONU.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,2 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 42.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a organização confirmou hoje pelo menos 1.563 mortos, incluindo 130 crianças, e 2.213 feridos entre a população civil.