A Guerra Mundo

Carvão cai 0,57% após proposta de veto da UE às importações russas

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O preço do carvão no mercado europeu fixou-se hoje nos 297,7 dólares (cerca de 273 euros) a tonelada, menos 0,57% do que na terça-feira, devido à proposta de veto às importações daquele mineral da Rússia da União Europeia (UE).

No entanto, o preço do carvão subiu na manhã de hoje 28% após o anúncio de novas sanções da UE no dia anterior.

O carvão para entrega em maio nos Países Baixos e na Bélgica chegou hoje aos 330 dólares (cerca de 303 euros) por tonelada pouco antes das 10:00 (hora de Lisboa), o que é mais 28,4% do que o encerramento da última segunda-feira, um dia antes de Bruxelas confirmar que estava a estudar sanções contra o carvão russo em retaliação aos massacres na cidade ucraniana de Bucha.

O preço do carvão começou na terça-feira com uma subida de 9%, na sequência da proposta embrionária de Bruxelas, e subiu mais 3,5% no início da tarde quando a Comissão Europeia propôs oficialmente proibir as importações.

A medida, em conjunto com outras sanções adicionais, é discutida hoje pelos embaixadores da UE com vista a chegar a acordo unânime entre os 27 Estados-membros.

Desde o dia anterior à invasão russa da Ucrânia, em 23 de fevereiro, o carvão praticamente duplicou o seu valor e no início de março chegou a atingir os 449,25 dólares (cerca de 412 euros) por tonelada.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, estimou na terça-feira em cerca de 4.000 milhões de euros por ano a receita que Moscovo obtém do carvão vendido à UE.

A Comissão Europeia propôs na terça-feira uma proibição de importação pela UE de carvão russo, que vale à Rússia quatro mil milhões de euros por ano, e a expulsão de quatro bancos russos do mercado financeiro europeu.

Em causa está um novo pacote de sanções proposto pelo executivo comunitário e anunciado à imprensa em Bruxelas pela líder da instituição, Ursula von der Leyen, visando tornar estas medidas restritivas "mais amplas e mais severas" para a economia russa, nomeadamente após as alegadas execuções de civis cometidas pelas tropas russas.

"Os quatro pacotes de sanções [anteriormente adotados pela UE] atingiram duramente e limitaram as opções políticas e económicas do Kremlin. Estamos a ver resultados tangíveis, mas claramente, tendo em conta os acontecimentos, precisamos de aumentar ainda mais a nossa pressão e, por isso, hoje, propomos dar mais um passo nas nossas sanções", explicou a responsável.

Segundo Ursula von der Leyen, as novas sanções -- que terão de ter aval dos Estados-membros -- incluem "uma proibição de importação de carvão proveniente da Rússia, no valor de quatro mil milhões de euros por ano", com vista a "cortar outra importante fonte de receitas para a Rússia".

A Rússia é responsável por cerca de 45% das importações de gás da UE, bem como por cerca de 25% das importações de petróleo e por 45% das importações de carvão europeias.

Ursula von der Leyen revelou inclusive que a UE está já a "trabalhar em sanções adicionais, incluindo sobre importações de petróleo, e a refletir sobre algumas das ideias apresentadas pelos Estados-membros, tais como impostos ou canais de pagamento específicos, tais como uma conta caucionada".

A retirada das tropas russas do norte de Kiev permitiu ver indícios de alegadas execuções sumárias de várias centenas de civis no subúrbio de Bucha e noutras áreas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e feriu 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.