A Guerra Mundo

Papa critica crueldade da guerra e beija bandeira proveniente de Bucha

"Esta bandeira vem da guerra, da cidade martirizada de Bucha", declarou o pontífice, na presença de crianças ucranianas, antes de beijar a bandeira visivelmente enegrecida pelos combates.

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O Papa Francisco criticou hoje a "crueldade cada vez mais horrível" que atinge a Ucrânia, "inclusive contra civis", referindo-se ao "massacre de Bucha" antes de beijar uma bandeira ucraniana proveniente daquela "cidade mártir".

"As recentes notícias da guerra na Ucrânia (...) atestam novas atrocidades, como o massacre de Bucha, uma crueldade cada vez mais horrível, cometida também contra civis indefesos, mulheres e crianças", disse o Papa na sua audiência semanal, no Vaticano.

"Estas são as vítimas cujo sangue inocente clama ao céu e implora: acabemos com esta guerra! Silenciemos as armas! Paremos de semear morte e destruição!", acrescentou.

Poucos minutos depois, o Papa desfraldou uma bandeira ucraniana diante dos milhares de fiéis reunidos no salão Paulo VI.

"Esta bandeira vem da guerra, da cidade martirizada de Bucha", declarou, na presença de crianças ucranianas, antes de beijar a bandeira visivelmente enegrecida pelos combates.

Esta declaração é a primeira reação do Papa depois da recente descoberta de dezenas de cadáveres em Bucha, perto da capital Kiev, após a retirada das tropas russas, que suscitou uma onda de choque e a condenação unânime dos europeus.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou as forças russas de matar civis em Bucha, mas a presidência russa negou qualquer responsabilidade, garantindo que as imagens foram encenadas por Kiev.

Durante a audiência, Francisco também lamentou "a impotência das organizações internacionais" face ao conflito.

"Após a II Guerra Mundial, foram feitas tentativas para lançar as bases para uma nova história de paz, mas, infelizmente, a velha história de grandes potências concorrentes foi perpetuada. E na atual guerra na Ucrânia, somos testemunhas da impotência das organizações", referiu.

No domingo, ao regressar de uma viagem a Malta, o Papa expressou "a sua disponibilidade" para ajudar a silenciar as armas na Ucrânia e disse estar pronto para ir a Kiev, condenando aquilo que chamou de "guerra sacrílega".

A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.