Sector desportivo luso com diminuição de 17,6% no volume de negócios
O sector desportivo em Portugal registou um decréscimo de 17,6% no volume de negócios em 2020, em relação ao ano anterior, para um total de 1,7 mil milhões de euros, indicou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os números de 2020 indicam uma redução de 17,6% no volume de negócios num ano marcado pela pandemia de covid-19, depois de em 2019 ter gerado acima de 2,1 mil milhões de euros, com o valor acrescentado bruto (VAB) a diminuir 31,1%.
O número de empresas registadas no setor desportivo até cresceu em relação a 2019, em 1%, com a produtividade aparente do trabalho, de 18,8 mil euros, abaixo do setor não financeiro, de 23,2 mil.
Estes valores constam do relatório "Desporto em números -- 2021" ontem publicado pelo INE, com dados preliminares do último ano a darem conta de uma balança comercial com saldo positivo nos bens desportivos, de 205,6 milhões de euros, mais do dobro do que em 2020.
Em 2021, em relação ao ano anterior, as exportações cresceram 25,3%, para um total de 536,7 milhões, e as importações contraíram 1,7%, para 331,1 milhões, resultando num saldo positivo de 205,6 milhões de euros na balança comercial de bens desportivos.
Destacado no 'peso' da balança comercial está a venda de bicicletas, cuja exportação atingiu os 308,1 milhões de euros, contra 31,1 milhões de euros de volume transacionado por importações, com o maior défice nos bens de ginástica e equipamento de natação (-80,4 milhões).
Os dados provisórios do ano transato notam ainda um ligeiro aumento na remuneração mensal média por trabalhador face a 2020, sobretudo nos clubes desportivos, com as remunerações mais baixas encontradas no ensino desportivo e recreativo.
Ainda assim, em 2021 deu-se uma quebra de 3,7% na população empregada no setor, estimada em 37 mil pessoas, a maior parte (64,9%) homens.
No que toca ao apoio público, a pandemia levou a uma diminuição dos apoios à alta competição e a eventos internacionais, o que baixou o valor total dotado pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) às federações desportivas.
Apesar de um aumento no apoio às atividades desportivas, que ocupa 53,5% do total do financiamento, a queda noutros fatores levou a uma redução de 11,1% do apoio em relação a 2019, para um total de 40,8 milhões de euros.
Também as Câmaras Municipais afetaram 301 milhões de euros a atividades e equipamentos desportivos, 6% abaixo de 2019, com uma despesa média por habitante de 29,2 euros, encontrando-se os valores mais altos no Algarve (57,3 euros) e Alentejo (42,9), por contraste com a Madeira (9,9 euros) e a Área Metropolitana de Lisboa (19,3).
Fora de indicadores económicos, os efeitos da pandemia nos números de 2020 notam-se também no número de praticantes inscritos em federações desportivas, que baixou 14,7% para 587.812.
O futebol regista o maior número de praticantes, quase um terço do total, com 32,5%, e nesta modalidade 94,1% são homens, com o voleibol (9,1%), o andebol (7,7%) e o basquetebol (4,7%) como seguintes na tabela das mais populosas.
Se os homens têm números esmagadores no futebol, no voleibol as mulheres estão em maioria, com 54,9%, e na ginástica compõem 87,4% dos federados. Estavam registados 791 praticantes de alto rendimento, 62,1% dos quais homens.
O ano letivo de 2020/21 contava com mais alunos inscritos em áreas desportivas no ensino superior, com um aumento de 5,5% em relação ao ano letivo anterior, para um universo estudantil de 10.336 pessoas.