Kremlin questiona investigação sobre alegado massacre em Bucha
O Kremlin manifestou hoje dúvidas de que existam condições para uma investigação imparcial do alegado massacre na cidade ucraniana de Bucha e qualificou como "infundadas" as acusações de atrocidades feitas contra os militares russos.
"É preciso pensar até que ponto uma investigação verdadeiramente imparcial e neutra é possível agora. Insistimos que qualquer acusação contra o lado russo, contra o Exército russo, não é apenas infundada, mas é um espetáculo bem encenado", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante a conferência de imprensa diária por telefone.
Peskov exortou "os membros do Conselho de Segurança, os líderes dos países ocidentais, a deixarem as emoções de lado", a pensarem com a cabeça e a tentarem verificar os fatos.
Por outro lado, disse que a Rússia "não ficará de braços cruzados", que continuará a apresentar a sua versão do que aconteceu em Bucha e sugeriu que as forças ucranianas possam estar a preparar outras "montagens" para "desacreditar" as tropas russas.
Nesse sentido, o Kremlin acusa os militares ucranianos de na segunda-feira terem feito "outra encenação na cidade de Moschun, 23 quilómetros a noroeste de Kiev, filmando civis supostamente mortos pelas forças russas para depois divulgar as imagens nos meios de comunicação ocidentais."
As autoridades ucranianas acusam os militares russos, que ocuparam a cidade de Bucha durante várias semanas, de terem massacrado civis, o que Moscovo nega, acusando as autoridades ucranianas de terem encenado as imagens.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky visitou Bucha na segunda-feira e prometeu levar o massacre à "justiça internacional".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.