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A geração violenta

Esta é a verdade. É triste, mas é a mais pura realidade. E, os leitores que conhecem os meus artigos de opinião, devem estar a estranhar esta minha súbita preocupação com a violência, quando hoje, devia falar no empossamento do novo governo deixando para trás o fantasma dos duodécimos, que ainda nos orientaram nestes primeiros meses do ano, ou então falar do 1 de maio, Dia do Trabalhador, na saudosa Revolução dos Cravos, o 25 de abril de 1974, ou na maldita e estúpida guerra na Europa. Nada disso, meus caros amigos! Optei novamente por um dos temas sobre os quais mais escrevi ao longo destes últimos quatro anos, sobre a violência gratuita que se vive em Portugal, onde o fenómeno não é novo, mas tem vindo de forma preocupante a ganhar dimensão nos últimos anos.

Vamos ao que interessa: Insisti na tecla por duas razões básicas. Porque, com razão, ficamos chocados e indignados quando alguns jovens despontam comportamentos cada vez mais violentos, mas sobretudo porque me parece que continua a não se fazer uma reflexão profunda sobre o fenómeno no nosso país. Volto, portanto, com as devidas desculpas pela insistência maníaca, ao tema.

Na verdade, temos assistido nestes últimos dias a atos de vandalismo imaginem os leitores, à própria Polícia, particularmente às instalações da PSP em Chelas, na grande Lisboa, que são utilizadas para alojamento de polícias, que nos deixa perplexos. Não apenas pela destruição dos vidros e do património, sempre reprovável, mas pelo absurdo desse mesmo vandalismo que revela a ignorância das suas causas, consciente ou inconsciente, e a falta de resposta de alguns responsáveis.

E os últimos acontecimentos que colocaram a polícia, como alvo da ira indecente de uns poucos é de uma repulsão lamentosa, supostamente perpetrada por jovens, que outrora eram considerados como pertencentes à “Geração à Rasca”, lembram-se deste rótulo em 2011, que eu apelido agora de “Geração Violenta”, a polícia por vezes sente-se impotente e sem a menor chance de conter a onda de ódio que se espalha pelas ruas, tentando sempre controlar os atos violentos dos nossos jovens.

A única explicação é que estas gerações de jovens se transformaram numa bomba, armada e sempre prestes a explodir. Quando está só, este instinto fervoroso é bloqueado mais facilmente e o indivíduo suporta sem explodir e mostrar sua verdadeira face; quando se reúne em um grupo maior, como é o caso das claques de futebol e nas saídas noturnas em grupo, existe o incentivo coletivo e sua parte sombria e violenta vem à tona. É como um lobo da mesma matilha, que quando um deles uiva dando o comando para atacar, todos os outros vão sem pensar. Nesta hora, o aparentemente pacato jovem cidadão se transforma na besta raivosa, como no conto do médico e o monstro.

Toda a sua frustração como ser humano, toda a sua raiva contra tudo aquilo que o incomoda diariamente, subitamente vem à tona e ele se torna uma verdadeira fera. Esta geração de jovens está dando mostras diárias sem dar nenhuma importância à vida e no fundo, estamos nos acostumando a ela.

Também é verdade, que a violência nas ruas, nas escolas, nos centros de saúde, nos centros desportivos, nas discotecas e bares, e nas nossas cidades, não se pode eliminar com uma simples intervenção policial à bastonada ou à “bolachada”. Longe disso! O que é necessário é eliminar as causas que podem originar, e originam, a violência como expressão de indignação.

Não diria que conclusão seja o termo mais adequado para encerrar este artigo, pois o assunto é bastante polémico e não tenho dúvidas que sofrerei inúmeras críticas de estudiosos e renomados conhecedores do assunto. Mas a PSP é constituída por seres humanos, homens e mulheres formados e formatados pelo Estado português para cumprirem o seu dever e a sua missão, por isso, sei bem de que lado estou e sei bem de que lado devemos estar. Do lado do Estado de direito democrático, da ordem e da normalidade.