A Guerra País

BE reitera apoio ao povo ucraniano e condena "militarismo de sofá"

Foto ANTÓNIO COTRIM/LUSA
Foto ANTÓNIO COTRIM/LUSA

A coordenadora do BE, Catarina Martins, reiterou hoje o apoio ao povo ucraniano, também através de meios para a sua autodefesa, e condenou o "militarismo de sofá", pedindo uma urgente "solução negociada" para evitar uma guerra mundial.

No discurso de encerramento da IV Conferência Nacional do BE, onde foi discutido o rumo estratégico do partido depois do resultado das últimas legislativas, Catarina Martins dedicou parte da sua intervenção à guerra na Ucrânia, considerando que "o imperialismo russo não tem desculpa".

"Mas engana-se quem julga que esta guerra pode acabar lindamente com a vitória de um lado sobre o outro. A Ucrânia resiste - e por isso está já a vencer - e a Rússia isola-se e empobrece - e por isso já está a perder -, mas sem uma rápida solução negociada, esta guerra pode mesmo tornar-se mundial e tudo será pior para toda a Europa e para todo o mundo", alertou.

Alertando que "o risco nuclear existe e que as armas de extermínio estão dos dois lados", para a líder do BE é "tão indigna a bravata de Putin, ao ameaçar com o recurso à bomba atómica", como "a de quem sugere que se ignore essa ameaça, prometendo que o prolongamento da guerra dará uma lição histórica ao agressor".

"A resposta guerreira é fácil, mas é errada. Não confundimos o apoio ao povo ucraniano - incluindo em meios de autodefesa, que aprovamos - com aquele militarismo de sofá que se ri, irresponsavelmente, dos riscos de escalada nuclear", condenou.

A posição do BE, segundo Catarina Martins, é a mesma que foi assumida pela Ucrânia logo nos primeiros dias da invasão pela Rússia, ou seja, "o ponto de partida para uma paz duradoura é a retirada da Rússia e a neutralidade militar da Ucrânia".

"Não temos uma posição sobre a autodeterminação do povo palestiniano e outra sobre o direito da Ucrânia à sua soberania. A nossa palavra é clara: fim da invasão e abertura de verdadeiras negociações para impedir uma deriva ainda mais terrível do que a atual", enfatizou.

No entanto, "o tempo da guerra é bom para muitos negócios" como o do armamento ou da especulação com energia e alimentos, afirmou a líder bloquista, considerando que "se este é um tempo de aflição para a maioria, é também um tempo de segurança para quem está no poder".

"A guerra instala a exceção que autoriza todas as injustiças, um tempo de incerteza em que o poder consegue impor coisas que, em tempos normais, as pessoas nunca aceitariam. E por isso a agenda da paz é a agenda da democracia, é a agenda da solidariedade e dos direitos humanos, e é por isso a agenda anticapitalista", defendeu.

A intervenção de Catarina Martins foi precisamente antecedida da divulgação de uma mensagem em vídeo de Yulia Yurchenko, dirigente do partido de esquerda Movimento Social Ucraniano e dinamizadora da "Campanha pelo Cancelamento da Dívida Externa da Ucrânia".