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Nuno Melo com maioria expressiva para tarefa difícil de voltar a eleger deputados

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Foto Lusa

Com a tarefa difícil de fazer regressar o CDS-PP ao parlamento, Nuno Melo pediu aos militantes para "não deprimirem", situando os centristas entre o PSD e o Chega e afirmando-se preparado caso haja legislativas antecipadas.

Com o palco do Parlamento Europeu para fazer "oposição eficaz" ao Governo PS, o eurodeputado encerrou o 29.º Congresso anunciando uma conferência sobre a inflação, poder de compra e produção industrial e alimentar, com o objetivo de encontrar propostas que possam contornar a subida recente e propondo medidas para baixar o preço dos combustíveis.

Fora da Assembleia da República, resta ao CDS ser "mais eficaz" na oposição ao Partido Socialista e tornar-se "útil", propondo, a cada crítica, uma solução, disse Melo, que sucedeu a Francisco Rodrigues dos Santos, num congresso em que foram visíveis algumas "amarguras e azedumes", entre promessas de união e reconciliação.

"As pontes foram criadas, o nosso pensamento está no futuro. Hoje na oposição ao Partido Socialista e amanhã na disputa do poder porque é para isso que nós nascemos como partido", disse no início do seu discurso no encerramento, pedindo aos militantes para "não deprimirem".

Eleito com 75% dos votos e obtendo dois terços dos lugares no Conselho Nacional, Nuno Melo conseguiu condições internas para o seu objetivo de "construir" e de "unir" o partido, refletindo o tom geral do congresso em que a maioria dos delegados preferiu alinhar com o discurso da "união" e olhar para o futuro ao invés de procurar "culpados" pelos desaires do passado.

A presença do antigo líder Paulo Portas no congresso, inédita desde que deixou a presidência do partido, foi um sinal que contribuiu para a pacificação do partido, com o mote dado logo no sábado pelo ex-presidente Manuel Monteiro, que apoiou o eurodeputado quando alguns questionavam quais os seus propósitos.

Paulo Portas reconheceu como "muito difícil" o trabalho de Nuno Melo nos "próximos anos". No dia anterior, recém regressado ao CDS, Manuel Monteiro declarou o seu apoio a Melo, que considerou ter as melhores condições para liderar o partido. No sábado, nos bastidores do congresso, chegou a antecipar-se uma possível reaproximação entre os dois antigos líderes, desavindos há anos, mas quando questionado sobre isso, Portas nem pronunciou o nome de Monteiro.

"E, meu caro amigo, estamos no século XXI, em 2022, não estamos no século XX, nos anos 90", respondeu Portas.

Nuno Melo, 56 anos, enfrenta a tarefa de reconstruir o partido, que perdeu representação parlamentar nas legislativas de 30 de janeiro e o primeiro objetivo já identificado será a reeleição como eurodeputado nas eleições de 2024, e o reforço da votação nas regionais da Madeira, no próximo ano.

A oposição ao PS começou logo no seu discurso de posse, afirmando ser nítido que o primeiro-ministro, António Costa, possa abandonar o mandato a meio da legislatura por já ter "o coração em Bruxelas". Esta ideia foi rejeitada pela ministra Adjunta, Ana Catarina Mendes, que afirmou que o primeiro-ministro cumprirá a legislatura.

Contudo, se tal acontecer, Nuno Melo afirmou se preparado para eventuais eleições antecipadas e, "se assim for", será nessa altura que o partido voltará ao parlamento, prometeu.

Melo estabeleceu como espaço natural do CDS o "humanismo personalista" que disse estar em falta entre o PSD e o Chega e será nesse espaço que se quer sentar quando voltar ao parlamento.

Os resultados da votação das moções de estratégia global foram conhecidos na madrugada de domingo, no final de quase 16 horas de trabalhos, com a de Nuno Melo a conseguir 73% dos votos. A lista que encabeçou para a Comissão Política Nacional obteve 75% dos votos, enquanto a lista para o Conselho Nacional, órgão máximo entre congressos, obteve dois terços dos votos e 47 mandatos.

A lista que agregou elementos da direção anterior e das moções derrotadas ou retiradas conseguiu 23 lugares.

Na direção, que apresenta alguma renovação, Nuno Melo contará neste mandato de dois anos com vários nomes das anteriores direções de Paulo Portas e de Assunção Cristas, como o ex-líder parlamentar Nuno Magalhães e o ex-deputado João Rebelo, os primeiros da lista ao Conselho Nacional.

A médica Isabel Galriça Neto, como porta-voz, o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio, o ex-líder parlamentar Telmo Correia, Álvaro Castello-Branco, João Gonçalves Pereira, entre nomes menos conhecidos como Ana Clara Birrento, Diogo Moura, João Varandas Fernandes e Maria Luísa Aldim como vice-presidentes.

Ausentes desta direção estão nomes como Cecília Meireles, por razões "estritamente profissionais", Diogo Feio, Filipe Lobo d`Ávila e António Carlos Monteiro.