Húngaros chamados às urnas para eleger representantes no parlamento
Os 8,3 milhões de eleitores húngaros são hoje convocados para escolher os seus 199 representantes no parlamento, numas eleições que constituem o maior desafio para o primeiro-ministro, Viktor Orbán, pela primeira vez confrontado com uma oposição unida.
Uma sondagem na reta final da campanha dava uma vantagem de seis pontos à União Cívica Húngara (Fidesz) de Orbán (50%, contra 44% da oposição unida), numa votação que volta a ser acompanhada por uma equipa de mais de 100 observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
No poder há 12 anos consecutivos (garantiu um primeiro mandato entre 1998 e 2002), Orbán conseguiu mobilizar em 15 de março, dia da festa nacional da Hungria, dezenas de milhares de pessoas na capital, Budapeste, com autocarros provenientes de todas as regiões do país, numa altura em que a guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia a 24 de fevereiro, se tornava o tema central da campanha.
Orbán apela ao voto para escolher entre "guerra e paz"
Orbán tem apresentado as eleições como uma escolha entre "a direita da paz e a esquerda da guerra", depois do seu adversário, o conservador independente Péter Márki-Zay (conhecido por PMZ), candidato da oposição unida, ter declarado que a Hungria deveria apoiar uma eventual intervenção da NATO na Ucrânia. Márki-Zay também se pronunciou a favor do envio de armas a Kiev, com o Fidesz a insistir que "a esquerda está do lado da guerra".
Com efeito, o primeiro-ministro da Hungria apelou hoje ao voto nas eleições legislativas, classificando-as como "cruciais" para escolher entre a "guerra e a paz".
O chefe do Governo da Hungria, que concorre a um novo mandato, garante que vai manter a estabilidade e acusa a oposição de querer envolver o país na guerra, ao mostrar-se solidário com o Presidente ucraniano, Volodímir Zelenski.
"É a guerra de dois grandes países. Não nos devemos envolver. Os nossos rivais não têm consciência da gravidade da situação e querem adotar medidas que envolvam o país na guerra. Isto seria trágico para a Hungria", afirmou Orbán, citado pela agência EFE, após votar numa assembleia em Budapeste.
Apesar de apoiar as sanções contra Moscovo, o governante recusa-se a disponibilizar armas à Ucrânia, proibindo mesmo que o material da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança da qual o país faz parte, passe pela Hungria para chegar a Kiev.
Cerca de 400.000 refugiados chegaram à Hungria durante as primeiras cinco semanas de guerra na Ucrânia.
O país também realiza hoje um referendo sobre uma controversa lei classificada como anti-LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros), que vincula a homossexualidade à pedofilia e proíbe falar sobre homossexualidade ou mudança de sexo a menores, tanto nas escolas como na imprensa.
A lei em questão foi aprovada em junho de 2021 e, um mês depois, a União Europeia (UE) iniciou um procedimento judicial contra a Hungria por discriminar a comunidade LGBT.