CGTP comemora sem restrições em 31 localidades e UGT debate os desafios do trabalho
As centrais sindicais já podem comemorar este ano o Dia do Trabalhador sem restrições, o que permite à CGTP estar na rua em mais de 30 localidades do país, enquanto a UGT debate, em Lisboa, os desafios do mundo laboral.
A CGTP, que nunca deixou de se manifestar no 1.º de Maio, espera ter de novo no domingo muitos milhares de trabalhadores nas ruas e voltar a encher a Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa.
Nos últimos dois anos, devido às restrições relativas à pandemia da covid-19, a Intersindical teve de se adaptar às regras da DGS, mas não desistiu de assinalar a data na Alameda, embora apenas com cerca de um milhar de manifestantes, devidamente distanciados.
Este ano a CGTP pode fazer o tradicional desfile na capital, a partir da praça do Martim Moniz até à Alameda, onde ocorre o comício sindical junto à Fonte Luminosa.
Não faltará também a manifestação do Porto, na Avenida dos Aliados, e iniciativas em 31 localidades, que incluem as capitais de distrito, Açores e Madeira.
Manifestações, plenários, festas populares, provas desportivas e exposições são algumas das iniciativas previstas para comemorar o 1.º de Maio.
Para a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, as ações previstas para todo o país representam "a convergência de toda a luta que tem sido desenvolvida" nos vários setores e empresas.
"Agora, já sem as restrições do distanciamento e da máscara, que a pandemia nos impôs, é o momento de os trabalhadores de todos os setores trazerem para a rua os seus problemas e reivindicações para tentarem obter respostas, melhorando as suas condições de vida e promovendo o desenvolvimento do país", disse à agência Lusa Isabel Camarinha.
A sindicalista manifestou confiança de que a "grande unidade e determinação dos trabalhadores" e a sua luta vão trazer resultados.
Isabel Camarinha lembrou as consequências da pandemia e da subida da inflação, agravadas com a guerra da Ucrânia, que se traduziram no agravamento das condições de vida dos trabalhadores, reformados e população em geral.
"Temos assistido a um aumento dos preços que os salários dos trabalhadores não comportam, o que leva a um agravamento do empobrecimento de quem trabalha, se não houver um aumento generalizado dos salários e pensões e não forem aplicadas medidas extraordinárias", disse.
Segundo a líder da Intersindical, existe em Portugal riqueza produzida suficiente para garantir uma vida digna aos trabalhadores.
Por isso, espera que "muitos milhares de trabalhadores nas iniciativas do 1.º de Maio".
Segundo a sindicalista, a CGTP vai apelar, no Dia do Trabalhador, à intensificação da luta e apresentar algumas reivindicações extraordinárias para alcançar as mudanças que o país precisa".
Para o novo secretário-geral da UGT, Mário Mourão, este é um 1.º de Maio diferente para os trabalhadores portugueses, pois ocorre "num ambiente de grande incerteza, devido ao aumento do custo de vida, coincidindo com baixos salários e precariedade".
"Estas condições chamam mais os trabalhadores para demonstrar o seu descontentamento e chamar a atenção para as suas dificuldades", disse à Lusa.
A UGT, que realizou o seu 14.º congresso no último fim de semana, vai assinalar o Dia do Trabalhador com uma conferência, em Lisboa, sobre o "Sindicalismo e os Jovens" e os "Desafios do Mundo do Trabalho", que contará com a participação de José António Vieira da Silva, antigo ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social do PS, e de Álvaro Santos Pereira, antigo ministro da Economia e do Emprego do PSD.
Nos últimos dois anos, a UGT comemorou a data de forma virtual devido à pandemia da covid-19.
Mário Mourão assegurou à Lusa que no próximo ano as comemorações voltarão a ser na rua, com os trabalhadores.
"Para o ano temos de estar na rua, com os trabalhadores, e sou eu que vou organizar as comemorações", disse.
O sindicalista reconheceu, no entanto, a importância de debater as questões relativas à sindicalização, pois ela "é essencial para o futuro dos sindicatos".
O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, teve origem nos acontecimentos de Chicago de há 136 anos, quando se realizou uma jornada de luta pela redução do horário de trabalho para as oito horas, que foi reprimida com violência pelas autoridades dos Estados Unidos da América, que mataram dezenas de trabalhadores e condenaram à forca quatro dirigentes sindicais.