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Máscara deixou de ser obrigatória em Cabo Verde mas muitos preferem mantê-la

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Dois dias depois de o uso de máscara deixar de ser obrigatório em espaços fechados, muitos cabo-verdianos ainda preferem mantê-la, tal como nos últimos dois anos em que a medida foi aplicada para conter a covid-19.

Antonita Cardoso, professora na Praia, de 51 anos, é um exemplo dos cabo-verdianos que se regozijam com o fim do uso obrigatório de máscaras em locais fechados, em vigor desde 27 de abril, conforme decreto-lei aprovado em Conselho de Ministros e promulgado pelo Presidente da República.

"Foi a melhor decisão. Muitas vezes dificulta os alunos na aprendizagem, pois muitos acabam por ficar sufocados, outros não aguentam ficar com as máscaras", explicou à Lusa a professora do ensino básico no bairro da Achada Grande, na capital cabo-verdiana.

O uso obrigatório de máscara em Cabo Verde, em espaços fechados, foi aprovado em 25 de abril de 2020 e entrou em vigor no mês seguinte, completando por isso praticamente dois anos em vigor. Há várias semanas com apenas cerca de dez casos ativos de covid-19 e sem óbitos por complicações associadas à doença há mais de dois anos, a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços fechados foi das últimas restrições levantadas em Cabo Verde.

Antonita Cardoso recorda agora as consequências dos muitos meses em que teve de usar máscara horas a fio na sala de aula.

"Fiquei com manchas e feridas no nariz, sombra na boca", apontou, acreditando que o bom uso das regras de higiene é agora mais importante do que o uso de máscaras.

Dificuldades partilhadas pelo professor de História Admilson Pinto, 30 anos, que ao fim de dois anos de máscara acredita que a interação com os alunos vai melhorar, permitindo analisar "reações" na salas de aulas.

"Assim, os alunos interpretam as matérias facilmente, a mensagem é transmitida de forma mais clara (...) Sem máscara conseguimos ver as reações dos alunos e ver se de facto estão a aprender", disse ainda.

A medida não é, contudo, consensual nestes primeiros dias e há quem acredite que com a retirada do uso obrigatório de máscaras em locais fechados, Cabo Verde arrisque uma nova onda de casos de covid-19. É o caso de Pedro Mendes, 39 anos, que à conversa com a Lusa no Plateau, centro da Praia, admitiu o receio com o momento desta decisão.

"Acredito que o uso de máscaras é uma forma de combater essa pandemia, porque no fundo ela ainda não acabou", frisou este taxista, que prefere manter a máscara colocada, tal como nos últimos dois anos, apesar de agora já não ser obrigado a isso.

Da mesma forma, Patrícia Costa, 29 anos, acredita que ainda não era hora desta decisão, receando pelas consequências, desde logo ao observar o fim da obrigação dessa proteção nos transportes públicos: "Sem máscaras nos lugares fechados o vírus pode expandir-se".

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou na terça-feira o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços fechados, recomendando a sua utilização em situações específicas: "Depois de dois anos de fortes restrições necessárias ao combate à covid-19, e com bons resultados produzidos na proteção sanitária, estamos em condições hoje de anunciar: deixa de ser obrigatória a utilização de máscaras, em espaços interiores fechados, designadamente atendimento público".

A utilização de máscara na via pública já não era obrigatória em Cabo Verde, mas mantinha-se essa obrigatoriedade nos espaços fechados de atendimento público, exceto em discotecas.

Deixou esta semana de ser obrigatório o uso de máscaras em espaços fechados, incluindo as escolas, mas segundo o primeiro-ministro excetuam-se do levantamento dessa medida os estabelecimentos e infraestruturas de saúde, públicas e privadas, nomeadamente hospitais, centros de saúde, farmácias, clínicas e laboratórios, centros de dia e lares de idosos, estabelecimentos prisionais e transportes coletivos de passageiros, terrestres, aéreos e marítimos.

Cabo Verde conta hoje com 13 casos ativos de covid-19 -- contra os mais de 7.000 em janeiro deste ano -- e soma 56.016 infetados pela doença desde o início da pandemia, em março de 2020, e 401 óbitos.