Adeptos de futebol europeus alertam para os perigos que persistem da Superliga
A associação dos adeptos europeus (FSE) alertou ontem os políticos e as entidades reguladoras europeias para que estejam "constantemente alerta e mobilizados contra" a Superliga de futebol, desafiando-os a "atuar imediatamente para travar" os seus promotores.
"Os conspiradores não foram embora. A empresa 'Super League' ainda existe, os seus patrocinadores multimilionários estão a ganhar tempo e, hoje, os seus lobistas estão a aumentar a pressão numa reunião à porta fechada em Bruxelas, com um número restrito de convidados", denunciou a entidade.
A FSE recordou que em 2021 "doze clubes obscenamente ricos tentaram destruir o futebol europeu criando uma liga fechada", intenção travada "porque os adeptos de todo o Continente, incluindo os desses clubes, se solidarizaram contra esses planos".
Com o lema "não às Superligas", a FSE entende que esse projeto, a concretizar-se, "seria catastrófico, enriqueceria um punhado de clubes à custa de todos os outros e destruiria princípios importantes como o mérito desportivo".
De igualmente modo, seria contrário à tradição das subidas e descidas, às classificações para as competições europeias através do êxito nacional e aos princípios de solidariedade financeira: "Resumidamente, a Superliga não é uma solução, antes o problema".
"Os adeptos devem estar em permanentemente alerta e mobilizados contra estes planos. Políticos e os reguladores devem cumprir a sua parte do acordo, atuando imediatamente para detê-los e criar uma versão mais justa e sustentável do jogo que todos amamos", vincou o organismo.
Para que o tema não saia da agenda mediática, foi criada a petição 'Win it on the pitch' (Ganha em campo), apoiada pela UEFA, na qual a Comissão Europeia é desafiada a proteger o modelo europeu do desporto e reconhece o seu valor social, ao mesmo tempo que a insta a envolver os adeptos nos debates sobre o futuro.
A empresa A22, que presta serviços de criação e gestão de competições desportivas, incluindo a Superliga, organizou hoje em Bruxelas uma mesa-redonda sobre o futuro do futebol na União Europeia.
Esta empresa apresentou há um ano, juntamente com a European Super League Company, um processo no Tribunal Mercantil de Madrid para que seja declarado que tanto a UEFA como a FIFA abusam da sua posição de domínio e impedem a livre concorrência, em violação do Tratado da União Europeia.
Este tribunal espanhol remeteu o processo para o Tribunal de Justiça da União Europeia, que ainda não se pronunciou.
Há uma semana, o tribunal de Madrid suspendeu as medidas cautelares que impediram a UEFA de adotar medidas disciplinares contra os clubes ainda vinculados ao projeto, Real Madrid, FC Barcelona e Juventus.
Liverpool, Manchester City, Manchester United, Chelsea, Arsenal, Tottenham, Atlético de Madrid, AC Milan e Inter, são os outros clubes fundadores que estavam na génese do projeto.