A Guerra Mundo

Kiev vê ataques durante visita de Guterres como "ato hediondo de barbárie"

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FOTO EPA/Laurence Figà-Talamanca

A Ucrânia classificou como um "ato hediondo de barbárie" os bombardeamentos de hoje a Kiev por parte das forças russas, enquanto decorria a visita do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que causaram pelo menos três feridos.

"Com este ato hediondo de barbárie, a Rússia mais uma vez demonstra a sua atitude em relação à Ucrânia, à Europa e ao mundo", salientou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kouleba, através da rede social Twitter.

A capital da Ucrânia, Kiev, foi alvo hoje de pelo menos dois bombardeamentos por parte das forças russas enquanto decorria a visita do secretário-geral da ONU, segundo autoridades locais e jornalistas da agência France-Presse (AFP).

Os correspondentes da AFP viram no local um edifício em chamas, janelas partidas, uma forte presença policial e socorristas.

O presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, confirmou no Telegram "dois ataques" a um dos distritos da capital.

"À noite, o inimigo atacou Kiev. Dois ataques no distrito de Chevchenkovsky", atingindo um edifício residencial, referiu Vitali Klitschko, acrescentando que três pessoas ficaram feridas e estão hospitalizadas.

"Os serviços de resgate e de emergência estão a trabalhar no local", adiantou ainda.

Também Mikhail Podolyak, conselheiro do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, denunciou no Twitter que os "mísseis atingiram o centro de Kiev durante a visita oficial de António Guterres".

"Ontem ele [António Guterres] estava sentado numa mesa longa no Kremlin e hoje explodem mísseis em cima da sua cabeça", apontou Podolyak.

Já o chefe da administração do gabinete presidencial, Andriï Yermak, sublinhou que está "é a prova" de que a Ucrânia "precisa de uma vitória rápida sobre a Rússia e que todas as pessoas civilizadas se devem unir aos ucranianos".

"Devemos agir rapidamente. Mais armas, mais esforços humanitários, mais ajuda", apelou, pedido ainda a retirada à Rússia do seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU.

Guterres chegou à Ucrânia na noite de quarta-feira após uma visita a Moscovo na terça-feira, onde se reuniu com o Presidente russo, Vladimir Putin, a quem pediu que trabalhe com a ONU para permitir a retirada de civis de áreas bombardeadas, principalmente no leste e sul da Ucrânia, onde a Rússia está a concentrar a sua ofensiva.

Nesta sua primeira visita à Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, António Guterres reuniu-se esta tarde com o Presidente ucraniano, Voodymyr Zelensky, visitou Borodianka, nos arredores da capital ucraniana, e também as localidades de Bucha e Irpin.

O secretário-geral da ONU disse que "uma guerra no século XXI é um absurdo" e sublinhou a importância de uma investigação sobre eventuais crimes de guerra.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.