Indonésia suspende exportação de óleo de palma por alta de preços
A Indonésia, maior produtor mundial de óleo de palma, suspendeu hoje todas as exportações deste produto, o que poderá levar a uma subida dos preços dos alimentos a nível mundial.
A suspensão entrou em vigor à meia-noite (17:00 de quarta-feira em Lisboa), sendo que, horas antes, o ministro coordenador da Economia Airlangga Hartarto revelou que a medida abrange "todos os produtos", incluindo o óleo de palma bruto.
Na terça-feira, as autoridades indonésias tinham inicialmente dito que a suspensão só iria afetar produtos derivados do óleo de palma para a indústria alimentar.
O Presidente indonésio Joko Widodo sublinhou que o abastecimento da população de 270 milhões era "a maior prioridade".
"Como maior produtor de óleo de palma, é irónico que tenhamos dificuldade em obter óleo de cozinha", reconheceu Widodo, pedindo aos produtores que cooperem.
O abastecimento de óleo de palma, o principal óleo utilizado na culinária do arquipélago, é problemático desde o início do ano.
A população com menos posses tinha muitas vezes que esperar horas em longas filas em frente a centros de distribuição de óleo a preços subsidiados pelo governo.
A Indonésia sofre com problemas de distribuição e de reserva de óleo de palma, porque os produtores preferem exportar a sua produção para aproveitar ao máximo a alta dos preços.
Os preços do óleo de palma atingiram recordes no mercado internacional, à medida que os comerciantes procuram abastecimentos alternativos, na ausência de embarques de óleo de semente de girassol.
O Governo da Indonésia disse que irá retomar as exportações quando o preço do óleo de cozinha cair para 14.000 rupias (0,92 euros) no arquipélago, depois de subir 70% nas últimas semanas.
A Indonésia é responsável por cerca de 60% da produção mundial de óleo de palma, um terço do qual é consumido no mercado doméstico.
O país exportou no ano passado 34,2 milhões de toneladas de óleo de palma, utilizado não apenas na culinária, também no fabrico de uma ampla gama de produtos, de cosméticos a produtos alimentares.
"Os países mais afetados (pela suspensão) são a Índia, a China, o Bangladesh e o Paquistão" pelo seu consumo alimentar, disse Bhima Yudistira, economista do Centro de Estudos Económicos e Jurídicos (Celios), citado pela agência France Presse.
Yudistira ressaltou que a Indonésia corre o risco de ter que pagar multas por quebra de contrato ou até mesmo de enfrentar um processo na Organização Mundial do Comércio (OMC) se a suspensão for prolongada.