EUA alertam para tentativas de aumentar tensões na região da Transnístria
Os Estados Unidos alertaram terça-feira para as tentativas de "aumentar as tensões" na região separatista moldava pró-russa da Transnístria, na fronteira com a Ucrânia, após uma série de explosões que suscitaram o receio de um alastramento da guerra.
Apesar de não chegar ao ponto de atribuir a responsabilidade pelos ataques a Moscovo, tal como fez Kiev, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, assegurou que os norte-americanos estão "preocupados com qualquer tentativa potencial de aumentar a tensão".
A Presidente da Moldova, Maia Sandu, pediu hoje "calma" e anunciou medidas para fortalecer a segurança do país que faz fronteira com a Ucrânia, após uma série de explosões naquela região separatista pró-Rússia.
"Trata-se de uma tentativa de aumentar as tensões (...) Apelamos aos nossos concidadãos que mantenham a calma e se sintam seguros", disse Maia Sandu, após uma reunião do conselho de segurança nacional, anunciando o reforço dos controlos de transporte e patrulhas de fronteira.
Ned Price salientou ainda que a administração liderada por Joe Biden não tem "todos os detalhes", mas reforçou os apelos à calma dos responsáveis moldavos.
"Apoiamos totalmente a integridade territorial e a soberania da Moldava", acrescentou.
A Ucrânia acusou hoje a Rússia de pretender "desestabilizar" a região da Transnístria, após uma série de explosões que suscitaram o receio de um alastramento da guerra no país vizinho.
"A Rússia pretende desestabilizar a região da Transnístria, o que sugere que a Moldova deverá aguardar a vista de 'convidados'", declarou no Twitter o conselheiro da presidência ucraniana Mikhailo Podoliak, numa referência aos soldados russos que invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro.
"Se a Ucrânia cair, amanhã as tropas russas estarão às portas de Chisinau", a capital moldava, prosseguiu Podoliak, apelando ao "trabalho em equipa" para que Kiev possa "garantir a segurança estratégica da região".
A Presidente moldava atribuiu os ataques terroristas perpetrados nas últimas 24 horas na região separatista da Transnístria, à luta entre forças internas interessadas em desestabilizar a situação.
"De acordo com as informações que temos, as tentativas de escalada estão relacionadas com forças internas da Transnístria que querem uma guerra e estão interessadas em desestabilizar a situação", disse Sandu.
"Condenamos todas as provocações e tentativas de envolver a Moldova em ações que possam ameaçar a paz no país", insistiu a chefe de Estado.
Nas últimas 24 horas, pelo menos três ataques foram realizados no território do enclave separatista, segundo o Conselho de Segurança da Transnístria.
A Transnístria, território de apenas meio milhão de habitantes, a maioria eslavos, cortou relações com a Moldova após um conflito armado (1992-1993), no qual contou com ajuda russa.
Desde o fim desse conflito, que custou a vida de centenas de pessoas, a Moldova defendeu a integração dos dois territórios divididos pelo rio Dniester, uma condição que os separatistas sempre se recusaram a aceitar.
No âmbito do Acordo para a Solução Pacífica do conflito da Transnístria, assinado em julho de 1992, a Rússia estacionou 2.400 soldados para garantir a paz na região, mas esse contingente foi reduzido ao longo dos anos.