Cores e mais cores
Desde o início da humanidade que o Homem utiliza pigmentos e/ou corantes, inicialmente como forma de se expressar. Há vestígios deixados desde a Pré-História até à atualidade que o documentam, já que a sua utilização acompanha a evolução do Homem. Já todos tivemos oportunidade de ver imagens da arte rupestre, existente, por exemplo, no Parque Arqueológico do Vale do Côa. Neste Parque, e em particular no sítio Faia, o Homem para além de gravar na rocha motivos inerentes à sua vida, pintou por cima das gravuras, utilizando pigmentos! Também recorrendo à nossa memória, conseguimos visualizar facilmente imagens relacionadas com a cultura egípcia antiga, onde predomina o uso de cores. Quem não se lembra das pinturas cujas figuras estão representadas de perfil, onde se retratava a vida religiosa e quotidiana desta civilização?
Atualmente, vivemos rodeados de cores, devido a um infindável uso dos pigmentos e/ou corantes, que dão cor aos mais diversos tipos de materiais. Assim, podemos ver a sua aplicação: na cerâmica, nos quadros artísticos, nas fotografias, nas paredes das casas, nos mais variados tipos de fibras e materiais usados no vestuário, na cor do cabelo, nos alimentos, na cosmética e muitos eteceteras… Neste campo a indústria química desempenha um papel fundamental.
Mas desde sempre o Homem utilizou esta panóplia de pigmentos e/ou corantes? Claro que não!
Durante muitos anos, o Homem recorreu à natureza na procura de materiais dos quais pudesse retirar corantes, como animais, plantas ou fungos (ou seja orgânicos), ou de rochas e terras (isto é minerais). Os primeiros pigmentos a serem utilizados foram os ocres térreos, que são compostos de óxidos de ferro, que conferem diferentes tons, podendo ir do amarelo ao vermelho, obtidos, por exemplo, de terras e barros. Para prepararem a tinta a aplicar, moíam os materiais que, posteriormente, aglutinavam com gordura animal ou dissolviam em água. Já alguma vez pensou, que de alguns dos líquenes que existem nas árvores e nas rochas, se podem obter corantes, utilizados no tingimento de fibras têxteis? Para já falamos de corantes naturais! Mas, tal como acontece por vezes na ciência, algumas das descobertas revolucionárias são acidentais! Foi o que aconteceu, em 1704, ao químico Heinrich Diesbach, que quando procurava obter pigmentos vermelhos, sintetizou quimicamente o primeiro pigmento, o azul da prússia. Como é lógico, a partir desta descoberta, iniciou-se a síntese química de muitos outros pigmentos, produzidos com o intuito das mais variadíssimas utilizações.
Assim, podemos dizer que a indústria química é também responsável, entre outras coisas, por dar cor à nossa vida!
A partir de agora antes de sair de casa e quando se observar ao espelho, pense como serão sintetizados os pigmentos que dão cor à sua roupa…