Darwin e a Madeira
A 19 de abril comemorou-se 140 anos da morte de Charles Darwin, falecido em 1882. Thomas Wollaston, naturalista inglês, que estudou a Madeira, entre 1848 e 1855, correspondia-se com Darwin. Por este motivo, a Madeira é citada várias vezes no livro A ORIGEM DAS ESPÉCIES, publicado em 1859, uma das mais importantes publicações da ciência, na qual defende a teoria de que todos os seres vivos evoluem num processo de seleção natural.
Algumas citações sobre a Madeira
Para fundamentar que é vaga a diferença entre espécies e variedades, Darwin dá o exemplo de que na “Madeira há muitos insetos caracterizados na admirável obra de Sr. Wollaston como variedades, mas que indubitavelmente seriam classificadas por muitos entomólogos como espécies distintas”.
Quanto aos moluscos
As espécies podem extinguir-se quando se encontram numa fase de evolução incipiente “ou podem persistir como variedades durante períodos muito longos, como o Sr. Wollaston mostrou que aconteceu com as variedades de certos moluscos terrestres fósseis na Madeira”.
E continua: “a Madeira e a ilha adjacente de Porto Santo têm muitos moluscos terrestres distintos e representativos”, alguns vivem nas fendas das rochas e “embora grandes quantidades de pedra sejam anualmente transportadas do Porto Santo para a Madeira, esta última ilha não foi colonizada pelas espécies de Porto Santo.”
Os escaravelhos
As espécies, no seu processo evolutivo, adaptam-se ao meio e às necessidades da vida. Num dos exemplos descreve Darwin: “O Sr. Wollaston descobriu o facto notável de que 200 escaravelhos, dentre as 550 espécies que habitam a Madeira, têm asas tão imperfeitas que não conseguem voar; … os escaravelhos ficam muito escondidos até que o vento se aquiete e o Sol brilhe; que a porção de escaravelhos ápteros (sem asas) é maior nas vulneráveis Desertas do que na própria Madeira.” Esta condição ápetra (sem asas) se deve à seleção natural, combinada com o desuso.
Por outro lado, os insetos na Madeira que não se alimentam do solo, têm de usar frequentemente as asas para conseguir a sua subsistência, por isso, têm asas maiores.
O caso das rãs
Darwin cita Bory St Vicente que disse “há muito que nunca se encontrou batráquios (rãs, sapos, tritões) em qualquer das muitas ilhas que enfeitam os grandes oceanos”. Mas Darwin afirma “que as rãs foram introduzidas na Madeira, nos Açores e nas Maurícias, e multiplicaram-se a ponto de se tornarem um transtorno”.
Flora
Na evolução da vegetação, numa pequena ilha, a corrida pela vida terá sido menos severa e terá havido menos modificação e menos extermínio e conclui Darwin “talvez por essa razão, a flora da Madeira, segundo Oswald Heer, se assemelha à extinta flora terciária da Europa”.