Regresso dos voos comerciais à capital do Iémen adiado por falta de autorizações
O primeiro voo comercial em seis anos que deveria sair hoje de Sanaa, a capital do Iémen controlada pelos rebeldes Houthi, foi hoje adiado devido à falta de autorização da coligação que ajuda militarmente o governo na guerra.
A coligação, liderada pela vizinha Arábia Saudita, controla o espaço aéreo iemenita e um funcionário da companhia aérea disse à AFP que "a autorização necessária da coligação (não tinha chegado)" para o voo, que deveria levar passageiros que precisavam de cuidados médicos para Amã, na Jordânia, na sequência da trégua estabelecida em 02 de abril entre o governo e os rebeldes Houthi.
"Insto as partes a trabalharem construtivamente comigo e com o meu gabinete para encontrar uma solução que permita retomar os voos conforme o previsto", reagiu no Twitter o enviado especial da ONU para o Iémen, Hans Grundberg, reforçando: "O objetivo da trégua é beneficiar os civis, reduzindo a violência, fornecendo combustível e melhorando a sua liberdade de circulação. Estamos a trabalhar para apoiar as partes no reforço e renovação da trégua".
Não houve uma reação imediata da coligação, mas o ministro da Informação do Iémen, Muammar Al-Iryani, acusou os Houthis de provocarem o adiamento do voo, ao notar que o governo tinha aprovado uma lista de 104 passageiros, mas que os Houthis tinham insistido "em acrescentar 60".
O voo não pôde ter lugar "devido ao incumprimento, por parte das milícias terroristas Houthi, do acordo de aprovação de passaportes emitidos pelo governo legítimo", disse Iryani à agência noticiosa estatal Saba. Em causa estaria uma alegada tentativa por parte dos rebeldes -- que são apoiados pelo Irão - de "contrabandear funcionários e peritos do Hezbollah e da Guarda Revolucionária [iraniana] com nomes e documentos falsos".
O avião deveria descolar de Aden, a principal cidade do sul do Iémen onde o governo está temporariamente baseado, para Sanaa apanhar passageiros e voar para a Jordânia.
O aeroporto de Sana'a está fechado aos voos comerciais desde agosto de 2016 após os ataques aéreos da coligação. Desde então, só foram permitidos voos humanitários, com interrupções periódicas, um "bloqueio" denunciado pelos Houthis.
O país mais pobre da Península Arábica, o Iémen tem sido palco de uma guerra desde 2014 que causou a morte de quase 380.000 pessoas, a maioria delas indiretamente devido à fome, doenças e falta de água potável, além de ter deixado milhões de pessoas deslocadas, de acordo com a ONU.