Líder do Senado brasileiro adia "ambição íntima" de ser presidente e pede moderação a Lula e Bolsonaro
O presidente do Senado brasileiro admitiu hoje que adiou a "ambição íntima" de ser chefe de Estado em nome da defesa das instituições e do combate à polarização, pedindo discursos mais comedidos aos principais protagonistas.
Em entrevista à agência Lusa, em Lisboa, Rodrigo Pacheco salientou que o que está retratado nas sondagens para as presidenciais de 2022 "é uma grande polarização entre dois candidatos que têm uma densidade eleitoral muito grande", o "Presidente da República, Jair Bolsonaro, que vai para a reeleição e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva", dois protagonistas de esquerda e direita radicais.
Essa situação "faz com que diversas pessoas acreditem que a disputa eleitoral ficará resumida a esta polarização" e "não é saudável haver apenas duas opções muito radicalizadas, extremadas e polarizadas entre si", afirmou Rodrigo Pacheco, quadro do Partido Social Democrata (centro-direita), que comentou a hipótese de uma candidatura moderada, mais centrista.
Quanto a Bolsonaro e Lula, "não é que não tenham méritos nas suas propostas", mas "afastam muitos setores" da sociedade brasileira e "a polarização, em si, para qualquer democracia não é boa".
Rodrigo Pacheco já se excluiu da corrida, devido ao cargo que ocupa. "A minha condição atual é de presidente do Senado e de presidente do Congresso Nacional num momento de muita radicalização, de muito extremismo," e isso "era um inibidor para uma disputa eleitoral nacional presidencial".
A decisão de não ser candidato visou "não trazer para dentro do plenário do Senado Federal uma disputa eleitoral que promete ser muito acirrada e não seria bom para as relações institucionais e para o próprio parlamento que o seu presidente estivesse a disputar uma eleição presidencial".
Apesar disso, Rodrigo Pacheco admite ter ambições presidenciais. "Quem não gostaria de ser o Presidente de seu país? Evidentemente que todos têm essa vontade, ainda que seja uma vontade íntima, mas pesou muito a responsabilidade do cargo", explicou.
Quanto às eleições de outubro, Rodrigo Pacheco admite uma solução intermédia, até pelo tipo de campanha que existe hoje em dia.
"O resultado está muito sujeito à dinâmica das próprias eleições" e, em "cada instante é natural que possa haver uma candidatura que possa seduzir o eleitor" para um "processo de mudança", analisou.
As eleições presidenciais brasileiras decorrem em outubro de 2022.