A Guerra Mundo

Contra-ataques ucranianos atrasam progresso das tropas russas no Donbass

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FOTO ROMAN PILIPEY/EPA

A pressão das tropas russas na região de Donbass, no leste da Ucrânia, está a ser contrariada por muitos contra-ataques ucranianos que estão a atrasar o progresso no terreno, segundo adiantaram hoje oficiais ucranianos e britânicos.

A Rússia continua a lutar pelo controlo total das áreas de Donetsk e Luhansk e procura assegurar "uma rota terrestre entre estes territórios e a Crimeia ocupada", inclusive eliminando o último bolso de resistência na cidade portuária sitiada de Mariupol, disse o Estado-Maior General da Ucrânia.

Nas últimas 24 horas, as forças ucranianas repeliram oito ataques russos nas duas regiões, destruindo nove tanques, 18 unidades blindadas e 13 veículos, um petroleiro e três sistemas de artilharia, de acordo com a cúpula militar ucraniana, que, através do Facebook, deixou ainda outra mensagem: "As unidades de ocupantes russos estão a reagrupar-se. O inimigo russo continua a lançar ataques com mísseis e bombas sobre infraestruturas militares e civis".

O governador de Luhansk, Serhiy Haidai, afirmou que duas pessoas foram mortas por bombardeamentos russos na cidade de Popasna. Acrescentou ainda que um comboio designado para a retirada de residentes das áreas de Donetsk e Luhansk deveria partir hoje da cidade de Pokrovsk com destino à cidade ocidental de Chop, perto da fronteira da Ucrânia com a Eslováquia e Hungria.

"Além do facto de os combates de rua continuarem na cidade durante várias semanas, o exército russo dispara constantemente contra edifícios residenciais de vários andares e casas particulares", escreveu Haidai na rede social Instagram.

Já o Ministério da Defesa britânico explicou que, embora haja cada vez maior atividade, "as forças russas não obtiveram grandes ganhos nas últimas 24 horas, uma vez que os contra-ataques ucranianos continuam a dificultar os esforços".

De acordo com Londres, as tropas russas ainda não conseguiram alcançar o controlo aéreo ou marítimo devido à resistência ucraniana e, apesar da declaração de vitória do Presidente russo, Vladimir Putin, em relação a Mariupol, "continuam a ter lugar lutas intensas, frustrando as tentativas russas de capturar a cidade, retardando assim ainda mais o seu desejado progresso no Donbass".

Entretanto, funcionários ucranianos estão a tentar novamente retirar mulheres, crianças e idosos de Mariupol, após diversos falhanços nas anteriores tentativas. A vice-primeira-ministra, Iryna Vereshchuk, indicou através da aplicação Telegram que, "se tudo correr como planeado", a retirada começaria ao meio-dia local.

Os oficiais ucranianos notaram também que o exército russo desmobilizou cerca de uma dúzia de unidades militares de Mariupol para reforçar a ofensiva noutras zonas de Donbass, enquanto outras tropas retém as restantes tropas ucranianas na cidade presas na Azovstal, o último reduto remanescente da resistência local.

Putin terá ordenado às suas tropas para não atacar a fábrica para acabar com os defensores, mas que a selassem, numa aparente tentativa de os forçar a uma rendição. Contudo, o gabinete do presidente da câmara sublinhou na sexta-feira que as forças russas têm tentado aniquilar os cerca de 2.000 combatentes ucranianos.

Apesar do cerco, as forças ucranianas conseguiram entregar armas à fábrica sitiada via helicóptero, disse Oleksiy Danilov, secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, que adiantou ainda que Moscovo destacou mais de 100.000 soldados e mercenários da Síria e da Líbia para a luta na Ucrânia e está a destacar mais forças para o país todos os dias. "Temos uma situação difícil, mas o nosso exército está a defender o nosso Estado", disse.

Mariupol assumiu uma importância decisiva na guerra. A conquista da cidade pelas tropas russas privaria os ucranianos de um porto vital e completaria um corredor terrestre entre a Rússia e a Península da Crimeia, anexada por Putin em 2014.

A Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.