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O 25 de Abril de 1974 e os 3 Dês

O 25 de Abril foi feito para todos, mas teve autores, lutadores e fazedores (….) é uma questão de justiça, não se deixar passar a oportunidade de reavivar a Memória, já que alguns e não poucos não perdem a oportunidade para a revisionar.

O que nos trouxe os 3 Dês?

As mudanças pós 25 de Abril trouxeram alterações profundas na organização social e económica do País. Um ano depois os portugueses votaram pela primeira vez em liberdade, depois de décadas de ditadura fascista.

A democratização do País sempre foi um dos principais objectivos. Em 2 anos aconteceram actos eleitorais para a Assembleia Constituinte, Assembleia da República, Presidente da República e Autarquias.

Ao longo dos tempos, com avanços e recuos, houve de facto uma evolução de mentalidades. Os portugueses acordaram livres, tinham direitos e não só deveres. Foram inquestionáveis as melhorias na saúde, em infraestruturas e na Educação.

Na saúde em 1970 havia 94 médicos para cem mil habitantes, hoje são mais de 600.

Os partos nos estabelecimentos de saúde eram 37.5% hoje representam 100%. A taxa de mortalidade infantil caiu de 77,7 por mil, para 3 por mil.

Na educação, em 1970 pouco mais de 15 mil crianças frequentavam o ensino pré escolar e 27.5% era analfabeta. Para o regime salazarista ter um povo inculto era ter um povo domesticado.

Na habitação deu-se passos importantes, prosseguiu o desenvolvimento com o aumento rede eléctrica, rede de água potável canalizada e rede de esgotos, mas estamos longe de termos habitações condignas sejam de habitação social seja cooperativa ou a preços controlados e a classe média está esmagada.

É fundamental perceber a diferença entre crescimento económico e desenvolvimento. O crescimento económico é o aumento do PIB, enquanto o segundo conceito está relacionado com o bem estar da população, educação, saúde, habitação, trabalho com direitos, defesa do meio ambiente e protecção adequada à terceira idade.

No que diz respeito ao crescimento económico puro e duro, não se pode esquecer a péssima base de partida em 1974. Depois de 15 anos de guerras em África, que absorviam 50% do orçamento de Estado, a falta de liderança, a insuficiência de capitais, a crise petrolífera de 1979, os fenómenos gravíssimos de corrupção.

Estamos muito longe de termos o desenvolvimento económico e social adequado.

Será que os 3 Dês do 25 de Abril estão alcançados?

Vivemos numa sociedade democrática, temos liberdade de pensar e actuar, mas a luta de classes existe, os ricos de antigamente e suas famílias voltaram, apareceram os novos ricos, o povo profundo vive angustiado, a miséria aumenta, tem números assustadores, os grupos sociais intermédios vivem de forma envergonhada, os ricos cada vez têm mais riqueza.

Viver o espírito do 25 de Abril Sempre: democratizar, descolonizar e desenvolver, pressupõe a luta democrática por um Portugal Novo, pela melhoria das condições de vida dos mais fracos, e das classes intermédias, pelo aumento dos postos de trabalho com dignidade, salários justos e não esquecer a resolução dos problemas dos pensionistas e idosos.

Precisamos aumentar a demografia e criar condições de sustentabilidade da Segurança Social.

É necessário controlar e combater o enriquecimento ilícito e não dar tréguas ao combate à corrupção e tráfico de influências. Defender Abril é lutar contra a besta fascista que cresce dentro do sistema democrático. É preciso que o valor da produção seja melhor distribuído. Não esquecer que uma maioria absoluta pode transformar-se numa ditadura da maioria.

Precisamos lutar todos os dias pela paz , pela cooperação e contra a escalada da guerra.

Aumentar os salários e pensões é um imperativo nacional, face a uma inflação galopante que já ultrapassa os 5%.

Defender o SNS/SRS, defender o ensino público de qualidade, os transportes públicos com diminuição dos custos dos passes. Defender a produção nacional na indústria, na agricultura e nas pescas. Exigir uma justiça adequada para todos. Diminuir o investimento no armamento. Sim isto é defender o 25 de Abril!.