A Guerra País

PCP diz que referência de Zelensky ao 25 de Abril é "um insulto"

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Foto Lusa

O PCP considerou hoje que a referência que o Presidente da Ucrânia fez ao 25 de Abril durante a sua intervenção, por videoconferência, na Assembleia da República, "é um insulto" à Revolução dos Cravos.

"A revolução de Abril foi feita para pôr fim ao fascismo e à guerra. É um insulto esta declaração [de Volodymyr Zelensky] que faz referência ao 25 de Abril. O 25 de Abril em Portugal foi para libertar e contribuiu para a libertação dos antifascistas. Na Ucrânia estão a ser presos", argumentou a líder parlamentar comunista, Paula Santos, nos Passos Perdidos do parlamento.

Durante a sua intervenção na Assembleia da República, o Presidente da Ucrânia fez uma referência ao 25 de Abril de 1974, cujo 48.º aniversário vai comemorar-se na próxima segunda-feira.

Volodymyr Zelensky disse que a Ucrânia está a enfrentar a "ditadura da Rússia" e que os portugueses "sabem perfeitamente" aquilo que a os ucranianos estão a viver.

O PCP foi o único partido com representação parlamentar que não participou na sessão solene.

Paula Santos criticou as restantes bancadas, que aplaudiram Zelensky no final da sua intervenção, advogando que algumas "ainda não perceberam o que está em causa" e outras "apoiam deliberadamente esta guerra".

A dirigente comunista acrescentou que a discurso que o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, fez "não é a intervenção que deve corresponder a um órgão de soberania, nomeadamente pelo cinismo, mas também pelo branqueamento do regime da Ucrânia".

"Há um conjunto de aspetos que deveriam ter sido esclarecidos na intervenção do Presidente da Ucrânia e que não foram. Por exemplo, onde estão os jovens comunistas ucranianos que foram presos? Tencionam continuar a perseguir comunistas, antifascistas e democratas ucranianos?", questionou.

Questionada pelos jornalistas, Paula Santos rejeitou a ideia de que a posição do PCP tenha reflexos negativos a nível eleitoral, argumentando que "a esmagadora maioria do povo português está com a paz".

"Para a resolução deste conflito não são os convites que são necessários. O que é necessário são iniciativas, ações concretas, do ponto de vista diplomático. Portugal poderia ter dado um contributo, mas optou por não o fazer", concluiu a membro do Comité Central do PCP.