"Nós pedimos armamento para nos podermos defender"
"Nós pedimos armamento para nos podermos defender", foi o apelo deixado hoje pelo Presidente da Ucrânia a Portugal, num discurso por videoconferência perante o parlamento português.
Ao dirigir-se aos deputados portugueses e altas individualidades convidadas, Zelensky agradeceu o apoio humanitário, o acolhimento de milhares de ucranianos que fogem da guerra, mas pediu mais apoio militar, diplomático e político.
"Peço aceleração e reforço das sanções e também apoio militar, armamento", afirmou Volomir Zelensky, que pediu especificamente "armamento pesado", "tanques e material anti-navio", na sessão solene de boas-vindas com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa.
De acordo com a tradução simultânea de ucraniano para português transmitida na sala das sessões, Volodymyr Zelensky acusou a Federação Russa de crimes de guerra, afirmando que as forças russas já capturaram e deportaram "mais de 500 mil ucranianos" e observando: "É o tamanho da população da cidade do Porto duas vezes".
"Imaginem se Portugal todo abandonasse o país", acrescentou o Presidente da Ucrânia, referindo-se aos refugiados causados por esta ofensiva militar.
Só no dia de hoje morreram mais 1.020 ucranianos, 40 dos quais crianças, revelou o Chefe de Estado ucraniano. "A vítima mais nova tem três meses e a mais velha 93 anos", indicou.
"Em Mariupol não há nenhuma habitação intacta", acrescentou, referindo-se também às diversas violações perpetradas pelo exército russo, nomeadamente contra as mulheres ucranianas.
Zelensky pediu ainda apoio no processo de adesão à União Europeia e que Portugal use a sua influência nos países de língua portuguesa para estes estarem do lado dos ucranianos.
Espero o apoio português no caminho para a União Europeia (...) Quando essa questão for colocada, peço-vos, peço-vos mais uma vez, que nos apoiem nesse caminho (...) Estamos o mais a Leste e vocês o mais a Oeste, mas ambos sabemos que os valores que defendemos são iguais.
"Sei que os nosso povos se compreendem" e "vocês sabem quanto custa uma ditadura" foram algumas das mensagens também passadas pelo líder ucraniano.
Zelensky foi ovacionado no final do seu discurso, na Assembleia da República. A cerimónia, que durou 35 minutos, ficou também marcada pela predominância do amarelo e o azul, as cores da Ucrânia, na lapela dos deputados, e pelo cantar do hino ucraniano.
Assista à intervenção de Zelensky no parlamento português
O Presidente da Ucrânia fala hoje ao parlamento português, através de videoconferência, numa sessão solene com altas entidades do Estado e representantes da comunidade ucraniana nas galerias, mas sem a presença dos seis deputados do PCP. Além do Presidente da República, presidente do parlamento, primeiro-ministro, presidentes dos principais tribunais, antigos chefes de Estado, deputados, eurodeputados, estão também incluídos nos convites outras altas entidades do Estado, como a procuradora-geral da República, a provedora de Justiça, os chefes do Estado-Maior-General das Forças Armadas e dos três ramos, bem como representantes da República para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira ou os presidentes dos Governos Regionais.