Madeira

“Sempre fomos contra a entrada de veículos TVDE na Região”

O presidente da AITRAM reage assim à carta aberta que o director da Uber em Portugal enviou ao presidente da ALRAM e ao chefe do Governo Regional.

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António Loreto, presidente da Associação Industrial de Táxis da Região, alega existir concorrência suficiente a nível do transporte de passageiros, e que o mercado tem oferta suficiente. Assim, reitera: “Sempre fomos contra a entrada de veículos TVDE na Região, atendendo a que a população é sempre a mesma; que os transportes públicos estão organizados; e que há mais operadores no mercado, nomeadamente agências de viagens e de animação turística.”

Os veículos TVDE entraram na Região no final de 2019, mas viram a restrição de um limite máximo de veículos em operação na Madeira ser implementada em 2021. É este limite que o director-geral da Uber em Portugal quer combater, aconselhando a Região a “transformar o TVDE num motor de crescimento e de melhoria da mobilidade.”

Uber contra limitações na Madeira

O Director-Geral em Portugal aconselha a Região a “transformar o TVDE num motor de crescimento e de melhoria da mobilidade"

Ricardo Miguel Oliveira , 21 Abril 2022 - 09:03

A Uber apela ao fim da restrição, a AITRAM apela às entidades que representam o sector, ao presidente da Assembleia Legislativa da Madeira e ao presidente do Governo Regional “que tenham em conta as empresas que já existem e que estão a passar por muitas dificuldades, com falta de trabalho.” Ou seja: “Que se mantenham as restrições ao limite de viaturas TVDE.”

Isto deve manter-se como está para salvaguardar as empresas já existentes e os postos de trabalho. São 800 táxis, muitos deles têm mais do que uma pessoa a trabalhar, pelo que são muitas pessoas a depender desse rendimento. Cerca de 1.200 motoristas. António Loreto, presidente da AITRAM

António Loreto refere, ainda, concorrência desleal, os apelidados de ‘TVDE fantasma’, veículos que circulam e trabalham para estas plataformas, mas que não estão devidamente registados, pois excedem o limite imposto pelo Governo Regional. Acrescem, ainda, pessoas desempregadas que estão a usufruir do subsídio de desemprego e, com o carro próprio, fazem serviço de transporte de passageiros, que, segundo o presidente da AITRAM, são "impossíveis de fiscalizar".

O responsável lembra que o serviço de táxi está espalhado por todos os concelhos e freguesias da Região Autónoma da Madeira, e destaca a importância dos táxis nas zonas rurais. “Vamos chegar ao ponto em que se não for viável existirem táxis vamos abandonar as zonas rurais e adoptar outro tipo de trabalho para sobrevivermos”, explica. Com isto, elucida, “quem sai prejudicada é a população, que, neste momento, tem o contacto dos motoristas de táxi e há uma relação de amizade entre motoristas e as pessoas, que são sempre servidas.”

Os indicadores do turismo estão a aumentar, mas continua a ser notória a falta de trabalho, segundo António Loreto, que afirma que, por outro lado: “Temos de cumprir com as nossas obrigações a nível de impostos, Segurança Social, seguro. Apesar de ter aumentado o ordenado mínimo, para nós o rendimento não aumento. Aliás, só complica. Temos de pagar mais Segurança Social e mais seguro e não ganhamos mais. Ganhamos cada vez menos.”