Sem armas de reserva, Alemanha assegura treino militar à Ucrânia
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, confirmou hoje que a Alemanha não possui equipamento militar de reserva para enviar para a Ucrânia e que apenas oferecerá treino e manutenção.
Baerbock reiterou em Riga o que o chanceler alemão, Olaf Scholz, já tinha dito sobre esta questão, lembrando que a Alemanha enviou mísseis antiaéreos Stinger e armas antitanque.
A chefe da diplomacia alemã recordou ainda na capital da Letónia - onde iniciou uma digressão pelas repúblicas bálticas - que a Alemanha terá um orçamento de mil milhões de euros para apoio militar a médio e a longo prazo, que, no entanto, não pode ser utilizado para a defesa do Donbass, região ucraniana que está a ser alvo de forte ofensiva russa.
O apoio alemão, disse Baerbock, vai limitar-se à aquisição de novos equipamentos e à substituição de antigos sistemas, soviéticos e pós-soviéticos, por armamento ocidental, o que exigirá treino e suporte técnico.
A ministra explicou que a Alemanha não poderá fornecer imediatamente tanques ou veículos blindados, mas apoiará os países que enviam material da era soviética para a Ucrânia fornecendo a esses países equipamentos fabricados no Ocidente.
Ex-países membros do Pacto de Varsóvia, agora parceiros da NATO, como a República Checa e a Eslováquia, anunciaram o envio de parte dos seus tanques, artilharia e veículos blindados de origem soviética modernizados para a Ucrânia, cujo Exército utiliza equipamentos semelhantes.
Questionada durante uma conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Edgars Rinkevics, sobre se a Alemanha está a ser lenta a enviar equipamentos militares para a Ucrânia, Baerbock disse que "depois de Bucha (onde houve um massacre de civis), percebemos que (o Presidente Vladimir) Putin só vai parar quando for derrotado, pelo que decidimos ajudar, em articulação com a NATO".
O chefe da diplomacia da Letónia assegurou que está "convencido de que o Governo alemão está a fazer o que pode" pela Ucrânia e sublinhou que o seu país enviou "mais de 200 milhões de euros em ajuda" para Kiev.
Acerca da dependência energética da Alemanha perante a Rússia, Baerbock assegurou que é um grande esforço para o seu país abdicar de suprimentos russos, mas garantiu que o seu país tem um cronograma para atingir esse objetivo.
A chefe da diplomacia alemã visita esta semana os países bálticos, que anunciaram que vão terminar a dependência energética da Rússia até ao final do ano, com a substituição das entregas de gás natural liquefeito por outras fontes.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de cinco milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.