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FMI alerta para "riscos de fragmentação geopolítica" na economia mundial

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A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou hoje para os "riscos de fragmentação geopolítica" na economia mundial, devido ao impacto da guerra na Ucrânia e recordou os benefícios da cooperação global.

Num 'briefing' hoje realizado, a responsável disse que este era um "momento significativo" para o mundo. "Uma crise em cima de uma crise, uma guerra em cima de uma pandemia. É como ser atingido por uma tempestade enorme antes de recuperar da primeira", referiu.

"O resultado é um revés enorme na economia global", indicou, dando conta da revisão em baixa das previsões do FMI para o crescimento mundial este ano e no próximo, sendo que este contexto se deve, "sobretudo, à invasão da Rússia pela Ucrânia e as ondas de choque que mandou pelo mundo".

Referindo que é "desolador" ver o sofrimento na Ucrânia, a diretora-geral do FMI alertou para as consequências mais alargadas do conflito.

Kristalina Georgieva apontou a aceleração da inflação, os riscos com o aumento dos custos de comida e combustível, que podem "estrangular" as famílias e os confinamentos sucessivos na China, que constituem mais um risco na cadeia de abastecimento.

A estes riscos, a diretora-geral do FMI acrescenta o "de fragmentação geopolítica que pode pôr em risco os ganhos de 75 anos no desenvolvimento", indicando que a "esperança imediata passa pelo fim da guerra, que resultará no impacto mais positivo na recuperação global".

Para Georgieva, a cooperação mundial já mostrou, ao longo dos anos, os seus benefícios.

"Existem benefícios tremendos da cooperação economia mundial. O PIB mundial triplicou desde 1990. A pobreza reduziu-se muito de dois mil milhões [de pessoas] em 1990 para 650 milhões hoje", recordou.

A líder do FMI estimou ainda que a economia da Ucrânia deverá encolher em 35% este ano.

Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as previsões para o crescimento económico mundial este ano em 0,8 pontos percentuais (pp), para 3,6%, devido sobretudo ao impacto da guerra na Ucrânia.

De acordo com a atualização das projeções económicas mundiais, a instituição liderada por Kristalina Georgieva vê a economia mundial a crescer 3,6% este ano e em 2023, um corte de 0,8 pp e de 0,2 pp, respetivamente, em comparação com as previsões de janeiro.

Na segunda-feira, também o Banco Mundial cortou a previsão de crescimento económico global para 3,2% este ano, face aos 4,1% previstos em janeiro.

A revisão em baixa foi adiantada pelo presidente da instituição, David Malpass, citado pela agência de informação financeira Bloomberg, explicando que resulta do corte das perspetivas para a Europa e para a Ásia Central, incluindo a Rússia e a Ucrânia.

David Malpass anunciou ainda que a instituição está a planear mobilizar um pacote de financiamento maior para que os países respondam à pandemia e às consequências da guerra.