Zelensky incentiva candidata presidencial Le Pen a admitir que errou
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, incentivou hoje a candidata presidencial francesa Marine Le Pen, que tem sido criticada pelas suas ligações próximas ao líder russo Vladimir Putin, a admitir que "cometeu um erro".
"Se a candidata admitir que estava errada, (...) o nosso relacionamento pode mudar", disse o Presidente da Ucrânia durante uma entrevista televisiva, realizada a partir de Kiev.
Contudo, Zelensky acrescentou que não está "convencido de que tenha o direito de influenciar o que está a acontecer" em França, referindo-se ao duelo político entre Marine Le Pen e Emmanuel Macron, que no próximo domingo disputam a segunda volta das eleições presidenciais francesas.
"Quero dizer que, obviamente, tenho relações com Emmanuel Macron. E não gostaria de as perder", explicou o Presidente ucraniano.
Marine Le Pen foi banida da Ucrânia em janeiro de 2017, após ter defendido a anexação da península da Crimeia pela Rússia, em 2014, um ato considerado ilegal pela comunidade internacional.
Nas últimas semanas, a candidata francesa condenou a invasão da Ucrânia por Moscovo, mas voltou a pedir, na quarta-feira passada, uma "aproximação estratégica entre a NATO e a Rússia", logo que a guerra terminar.
A candidata de extrema-direita foi recebida por Vladimir Putin durante as eleições presidenciais de 2017, e o seu partido, a União Nacional, continua a usufruir de um empréstimo de nove milhões de euros a um credor associado a antigos soldados russos.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 56.º dia, já matou mais de 2.000 civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito mais elevado.