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Economia portuguesa com défice externo de 968 ME até fevereiro

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A economia portuguesa registou até Fevereiro um défice externo de 968 milhões de euros, que compara com o excedente de 205 milhões de euros no período homólogo, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).

Segundo o banco central, no mês de Fevereiro de 2022, o saldo da balança comercial (saldo da balança de bens e serviços) diminuiu 573 milhões de euros em relação ao mês homólogo, "dado que o aumento do excedente da balança de serviços não foi suficiente para compensar o acréscimo do défice da balança de bens".

O défice da balança de bens aumentou 1.043 milhões de euros em relação a Fevereiro de 2021, para 1.617 milhões de euros, reflectindo um crescimento das importações superior ao das exportações (37,2% e 20,2%, respetivamente).

"Tanto o valor das exportações como o das importações foram superiores aos registados antes da pandemia (2019)", nota o BdP.

No acumulado dos dois primeiros meses do ano, face ao mesmo período de 2021, o défice da balança de bens atingiu o nível mais alto desde 2009, em resultado do maior crescimento das importações face às exportações (34,4% e 21,5%, respetivamente).

No que se refere às exportações e as importações de serviços, aumentaram, respetivamente, 81,4% e 61,5% no mês de Fevereiro relativamente a Fevereiro de 2021, superando os valores observados antes da pandemia (Fevereiro de 2019).

"Para esta subida contribuíram os saldos das rubricas de viagens e turismo, de transporte aéreo e de serviços informáticos", explica.

As exportações e as importações de viagens e turismo, cresceram, em termos homólogos, respetivamente, 275,4% e 99,2%, permitindo que o saldo desta rubrica aumentasse 496 milhões de euros. As exportações corresponderam a 99% do valor de Fevereiro de 2019, e as importações a 85%.

No acumulado até fevereiro, o excedente da balança de serviços aumentou, influenciado pela evolução das viagens e turismo, que compensou a redução do saldo da rubrica de transportes (resultante do aumento das importações de serviços de transporte de mercadorias).

Em Fevereiro, o défice da balança de rendimento primário reduziu-se em 72 milhões de euros relativamente a Fevereiro de 2021, numa descida "determinada pelo aumento do saldo dos rendimentos de investimento".

Já os excedentes das balanças de rendimento secundário e de capital diminuíram, respetivamente, 166 milhões de euros e 32 milhões de euros.

De acordo com o BdP, "para estas reduções contribuiu a diminuição de fundos europeus atribuídos aos beneficiários finais", sendo que "o decréscimo do excedente da balança de capital resultou também do aumento da aquisição de licenças de carbono".

No que se refere à balança financeira, em 2022, até Fevereiro, os ativos financeiros que Portugal tem sobre o exterior, deduzidos das responsabilidades de Portugal perante o exterior (saldo da balança financeira), diminuíram 1.137 milhões de euros.

Segundo o BdP, para esta redução contribuíram o investimento líquido de não residentes em dívida pública portuguesa e o investimento de entidades não residentes em empresas portuguesas do grupo por via de aumentos de capital e empréstimos.

Em sentido inverso, a diminuição do saldo da balança financeira foi atenuada pelo investimento do Banco de Portugal e dos outros bancos em títulos de dívida de longo prazo emitidos por entidades da União Monetária; o aumento de depósitos do Banco de Portugal, principalmente em países da União Monetária; e o investimento das sociedades de seguros e fundos de pensões em títulos de dívida emitidos por não residentes.

Em Fevereiro de 2022, destacaram-se entre as operações na balança financeira o investimento líquido de não residentes em dívida pública portuguesa e o investimento do Banco de Portugal e dos outros bancos em títulos de dívida de longo prazo emitidos por entidades da União Monetária, e o investimento de entidades não residentes em empresas do grupo portuguesas através da concessão de empréstimos.

As estatísticas da balança de pagamentos serão atualizadas pelo BdP a 18 de maio.