Análise

O desafio da cooperação

É desta que Maioria que governa a Região vai alinhar na parceria com Costa ?

Nos últimos dias, a República dos governos arrogantes fez mais pela Autonomia consagrada do que os regionalistas intolerantes ao diálogo, os mesmos que não sabem distinguir cooperação institucional de subserviência e que por isso passaram a semana entre azias e amuos, a abrir e a fechar portas. 1. No programa de governo António Costa assume “sem temores e sem receios, o desafio de, no que respeita às autonomias regionais, manter o país na vanguarda de uma descentralização política, que é, em si mesma, sinónimo de democracia, de cumprimento do princípio da subsidiariedade e de boa governação”. Tal empenho implica “fazer ainda mais e melhor”. Mas o que é que está previsto no intuito de reforçar o papel das regiões autónomas no exercício de funções próprias e do Estado? Disponibilização de dinheiro fresco e de fartura para satisfação unilateral dos caprichos insulares? Cedências que evitem o contencioso inconsequente e calem o choradinho habitual? Um manual de instruções e de boas maneiras para levar à risca nas reuniões entre gente desavinda? Nada disso. Cooperação, parceira e colaboração são os termos dominantes na predisposição para uma relação responsável, sem amuos e ao serviço dos interesses das populações. Resta saber se há interesse local permanente em acolher sem chantagens, nem tiques de pedinte, tamanha boa vontade e se há disponibilidade nacional para tirar da gaveta dossiers com mofo que pela demora na resolução e implementação penalizam os portugueses residentes nas ilhas. As primeiras impressões de Miguel Albuquerque oscilaram entre o trivial “sem comentários” e a esperança de poder reunir em breve com o primeiro-ministro de modo a resolver questões pendentes.

2. António Costa escolheu Paulo Cafôfo para secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, madeirenses incluídas, o que irritou algumas hostes, quer as que tentaram em vão queimar o nome do ex-líder do PS-M, como as que não disfarçaram o incómodo de ver um conterrâneo no XXIII Governo Constitucional.

A mais eloquente das reacções surgiu da boca de Miguel Albuquerque, quando num exercício atentatório da prática política em vigor, tenta convencer os jornalistas que a Madeira tem “uma política regionalizada no que diz respeito às comunidades”, quando se sabe que a esse nível, por muito boa vontade que haja de conselheiros e das casas espalhadas pelo Mundo, a Região tem diversas limitações e alergias, não risca nada na organização da rede consular, deve e muito à diplomacia, e como é público, mendiga apoios nacionais como o ‘Regressar’.

Depois de ter dito que não dialogava com perdedores locais, percebe-se que o presidente do Governo queira circunscrever futuras relações ao patamar da direcção regional das Comunidades, que por sinal é tutelada pela Presidência. Mas fechar mais uma porta que entretanto se abre nas Necessidades, é perpetuar contenciosos que de nada valem e que as comunidades que fazem pela vida dispensam.