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Portugal era o 5.º país da UE mais dependente de importações de gás natural em 2021

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Portugal era, em 2021, o quinto país da União Europeia (UE) mais dependente das importações de gás natural, recurso que representava um quarto do cabaz energético do país nesse ano, divulgou hoje o Eurostat.

Dados hoje divulgados pelo gabinete estatístico comunitário indicam que a dependência das importações de gás natural de Portugal foi de 100% em 2021, mais um ponto percentual do que em 2020 (99%), quando esta fonte de energia pesava 24% no cabaz energético português.

De acordo com o Eurostat, o Estado-membro da UE com maior dependência das importações de gás natural em 2021 foi Malta (104%), seguida pela Suécia (102%) e Espanha (101%), que aumentaram as suas reservas, cabendo o quarto lugar à Lituânia (101%) e o quinto a Portugal.

Por outro lado, a menor dependência das importações de gás natural foi registada, no ano passado, na Roménia (24%), seguida pela Dinamarca (26%) e pela Holanda (33%).

Ainda em 2021, a média comunitária de dependência das importações de gás natural era de 83%, uma redução de um ponto percentual relativamente a 2020 (84%), ano em que este recurso equivalia a 24% do cabaz energético da UE a 27.

"Esta pequena diminuição na dependência das importações foi significativamente influenciada pelo facto de a maioria dos Estados-membros da UE utilizarem 'stocks' de gás natural que foram importados em anos anteriores", aponta o Eurostat na informação hoje divulgada.

E, segundo o gabinete estatístico, a queda nos 'stocks' de gás natural em 2021 foi a maior desde o início da série temporal, em 2008.

Numa altura de fortes tensões geopolíticas causadas pela invasão russa da Ucrânia e por Moscovo ser um dos principais fornecedores de energia da UE, o Eurostat admite que "o impacto de uma potencial perturbação das importações deve ter em conta a importância do gás natural no cabaz energético global".

Assim, a quota do gás natural no cabaz energético da Suécia, Finlândia e Estónia é relativamente baixa (3%, 7% e 8% respetivamente), enquanto a maior percentagem de gás natural no cabaz energético encontra-se em Itália (40%).

Quando comparado com 2020, os maiores aumentos entre os países na taxa de dependência das importações de gás natural foram registados em Malta (de 96% em 2020 para 104% em 2021), Irlanda (de 64% para 71) e Roménia (de 17% para 24).

No outro extremo, as maiores descidas registaram-se na Letónia (de 121% para 61%), Áustria (de 73% para 51) e Eslováquia (de 88% para 69).

Os dados hoje divulgados surgem numa altura de confronto armado na Ucrânia provocado pela invasão russa, tensões geopolíticas essas que têm vindo a afetar o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

A Rússia é também responsável por cerca de 25% das importações de petróleo e 45% das importações de carvão da UE.

Em média, na UE, os combustíveis fósseis (como gás e petróleo) têm um peso de 35%, contra 39% das energias renováveis, mas isso não acontece em todos os Estados-membros, dadas as diferenças entre o cabaz energético de cada um dos 27 Estados-membros, com alguns mais dependentes do que outros.