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Argélia espera "esclarecimentos francos" de Espanha sobre Saara

EPA/Chema Moya
EPA/Chema Moya

O enviado especial da presidência argelina para o Saara Ocidental e países do Magrebe, Amar Belani, disse que a Argélia espera "esclarecimentos francos" da Espanha "para se reconstruir uma confiança seriamente danificada", devido à sua política contra o Saara.

"O regresso do embaixador argelino (Said Musi) a Madrid será decidido soberanamente pelas autoridades argelinas, num contexto de esclarecimentos prévios e francos para restabelecer a confiança seriamente danificada", disse Amar Belani à agência noticiosa oficial argelina, APS.

Em 19 de março, a Argélia convocou o seu embaixador em Madrid, que não voltou até agora, e Belani realçou hoje que aqueles que "ingenuamente especulam que a Argélia está temporariamente zangada não está em sintonia com a realidade".

A Espanha tem defendido a aliança estratégica que mantém com o seu parceiro argelino, sobretudo em matéria de energia, de onde importa a maior parte do gás que consome.

"Ao esclarecer, de forma tão franca (aludindo ao Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez), deu a entender que a nova posição" sobre o Saara está "de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e que também alinha com a posição de outros países e, ao fazê-lo, parece esquecer que a Espanha tem uma responsabilidade moral e legal particular", observou Belani.

E acrescentou, referindo-se ao Presidente do Governo espanhol, que as suas declarações são formuladas "com desconcertante leveza, que correspondem ao desejo de se absolver da pesada responsabilidade pessoal de adotar esta surpreendente reviravolta", o que rompe com a tradicional posição equilibrada de Espanha.

O movimento de independência saharui, Frente Polisário, suspendeu os seus contactos com o Governo de Espanha a 10 de abril, após o apoio de Sánchez à "proposta ilegal do ocupante marroquino, que pretende legitimar a anexação dos territórios do Saara Ocidental pela força", disse.

O governo espanhol assegurou que o plano de 2007 de Marrocos para a autonomia do Saara é "a base mais séria, realista e credível" para a "resolução" do conflito.

Pedro Sánchez reafirmou em Rabat, no encontro de 07 de abril com o rei Mohamed VI de Marrocos, o apoio de Espanha a este plano de autonomia que provocou o distanciamento da Argélia, principal apoiante da Frente Polisário, que reivindica a independência do Saara.