Manifesto pela Paz junta mais de 570 académicos e políticos internacionais
Mais de 570 académicos e políticos internacionais subscreveram um Manifesto pela Paz na Ucrânia exigindo um cessar-fogo imediato, entre elas Noam Chomsky, Jeremy Corbyn e a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.
"Exigimos um cessar-fogo imediato e apoiamos as negociações para uma paz plena e duradoura. As Nações Unidas e outros órgãos internacionais relevantes devem estar prontos para garantir qualquer acordo", lê-se no documento que conta com mais de 570 assinaturas e a que a Lusa teve acesso.
No manifesto, os signatários consideram que "o presidente [da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky delineou as duas condições mais essenciais para a paz". Por isso, "as tropas russas invasoras devem retirar-se da Ucrânia e a Ucrânia torna-se um país neutro", acrescentam.
Entre os signatários do documento estão Noam Chomsky, linguista, filósofo, cientista político e ativista norte-americano; Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista britânico; Rafael Correa, ex-presidente de Equador; Federico Mayor Zaragoza, presidente da Fundação Cultura da Paz e ex-diretor geral da UNESCO; e Ione Belarra, Secretária Geral do partido espanhol Podemos.
Além da líder do Bloco de Esquerda, também o académico Boaventura Sousa Santos está entre os signatários do documento.
Para os signatários "os efeitos da invasão russa da Ucrânia foram devastadores: morte, destruição e milhões de pessoas forçadas a fugir de suas casas" e "à medida que a guerra se intensifica, aumenta o risco de aniquilação nuclear".
Assim, "as consequências sociais e económicas desta guerra já estão a ser sentidas na Ucrânia, na Rússia e em todo o mundo", realçam.
"Por todas estas razões, as partes, organizações e indivíduos abaixo-assinados exigem: Paz", concluem.
Por outro lado, os signatários do manifesto apelam aos "governos e à comunicação social para deixarem de lado toda linguagem beligerante e promoverem e fortalecerem o diálogo com base nisso", alertando que "a escalada só levará a mais derramamento de sangue, deslocamento e danos económicos infligidos a pessoas inocentes", sublinham.
Apelam ainda "à proteção de todos os civis que fogem ou permanecem nas suas casas, evacuações por corredores humanitários e garantias de alimentação e assistência médica".
Além disso, lembram que a Ucrânia precisará de apoio para a reconstrução e apelam às instituições internacionais para eliminar a dívida da Ucrânia e comprometer recursos para apoiar o desenvolvimento nacional e popular do país".
"Devemos também proteger os povos dos países não combatentes que enfrentam as consequências económicas desta guerra, que se acelerará", realçam.
Neste contexto, apelam "aos governos para que protejam o estado de bem-estar social, garantam os direitos sociais para todos os cidadãos e reduzam as desigualdades".
"É hora de as grandes fortunas e grandes empresas contribuírem equitativamente para a sociedade para que os rendimentos e os corpos da grande maioria não suportem, mais uma vez, o custo desta crise", concluem.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.