Novo voo humanitário transporta mais 263 refugiados para Portugal
Mais 263 refugiados ucranianos deverão chegar na quinta-feira a Portugal num voo humanitário organizado pela associação Ukrainian Refugees (UAPT), que já trouxe mais de mil refugiados desde o início da invasão russa.
A companhia aérea portuguesa EuroAtlantic Airways vai fazer o novo voo para a UAPT, com partida prevista de Lisboa em 21 de abril com destino a Lublin, na Polónia.
O avião vai sair de Lisboa com cerca de 15 toneladas de medicamentos e geradores para ajudar os refugiados que se encontram na fronteira da Polónia e para os que permanecem nas áreas do conflito, regressando no mesmo dia com 263 refugiados ucranianos, que já estão a viver num centro de acolhimento polaco em Lublin, anunciou Iryna Shkira, uma das voluntárias da associação.
Iryna Shkira adiantou que "a ajuda humanitária segue depois para Lviv", a cidade ucraniana que hoje foi alvo de cinco mísseis russos.
Próxima da fronteira polaca, a cidade de Lviv tem sido poupada pelas forças russas, mas tem havido uma série de ataques nos arredores. Lviv é um dos principais corredores de fuga para deslocados e refugiados oriundos das zonas mais afetadas pela guerra.
Este será o quinto voo organizado pela associação, nascida da vontade de um grupo de pessoas que se encontrou num protesto em frente à embaixada da Rússia em Lisboa.
Os quatro voos humanitários realizados até ao momento trouxeram para Portugal 1.012 refugiados, na maioria mulheres, crianças, idosos e algumas pessoas com deficiência, uma vez que a generalidade dos homens foi mobilizada para a guerra.
A experiência da associação revela que cerca de metade dos refugiados escolheram Portugal porque têm familiares ou amigos, acabando por ficar hospedados nas suas casas.
Depois do primeiro voo, a 10 de março, "tudo passou a ser muito mais fácil", recordou a voluntária. Na terceira viagem começaram mesmo a surgir listas de espera: "Os nossos voos preenchem-se em minutos. Chegámos a ter cerca de mil pessoas em lista de espera", disse Iryna Shkira, acrescentando que a associação mantém o contacto com as pessoas da lista e algumas acabaram por vir de autocarro.
Em Portugal, os cerca de 60 voluntários da associação tentam acompanhar as famílias desde que chegam: "Acabamos por ser uma espécie de mentores para ajudar no que for preciso", disse Iryna Shkira.
Há ajudas para tratar da documentação, para arranjar alojamento, apoios sociais, escolas, aprender português ou inglês e até arranjar um trabalho, mas, segundo a voluntária, o mais difícil neste momento é recuperar do trauma.
"Só passadas algumas semanas as pessoas começam a perceber que estão em segurança. A maioria são da parte leste da Ucrânia, que é a zona mais afetada pela guerra e por isso precisam de suporte psicológico", explicou Iryna Shkira, garantindo que esse apoio está a ser dado.
Através de várias parcerias, a associação conseguiu arranjar centros de acolhimento em Leira, Azambuja, Mafra, Fundão e Viseu, mas também há quem fique hospedado com pessoas que decidiram ceder as suas casas.
"Portugal é um dos melhores exemplos da Europa no acolhimento. As pessoas que temos acompanhado dizem-nos que apesar de Portugal ter apoios sociais um pouco mais baixos, não há comparação na forma como são recebidos aqui, com tanto carinho. Portugal é um dos melhores exemplos", garantiu Iryna Shkira.