Crónicas

Miguel Albuquerque, “o Virtual”

O que é engraçado é a indignação do Presidente da Câmara, responsável pelas finanças da CMF, que deixou uma dívida de 100 milhões, quando de lá saiu, em 2013

1. Disco: a música, tem muito a ver com o meu estado de espírito. Andava à procura, no Spotify, de alguma coisa para ouvir enquanto lia e descobri que Sven Helbig tem novo disco. Foi a música que me fez companhia, ao longo de mais de metade da semana passada. “Skills” é uma viagem, uma homenagem àqueles que têm especial apetência para o trabalho manual. Um disco de uma beleza rara.

2. Livro: Li, de uma assentada, “As Entrevistas de Putin”, numa edição brasileira, pois nunca foram editadas em Portugal. Na RTP Play, está o documentário com as conversas tidas com Oliver Stone. Procuro ver sempre os dois lados das questões. Putin é igual ao que dele conhecemos. Para descrever Stone não há palavras…

3. O Sr. Presidente do Governo esteve em Miami, com o seu Chefe de Gabinete. Uma viagem para participar num evento chamado “BitCoin 2022”. O preço dessa deslocação foi de 26.864,22€, por um período de 7 dias. 26.864,22€.

Considero as BitCoins extremamente importantes. Nada contra podermos potenciar este género de negócios, desde que a Madeira fique a ganhar com isso.

O ajuste directo, que pode ser consultado na plataforma Base.gov, refere só a viagem. Estou em crer que isso inclui o transporte, a estada e a alimentação, num possível pacote de pensão completa. Uma viagem é isso.

Para que fiquem com uma ideia, uma passagem em Executiva custa por volta de 4 mil euros. Sobram 18 mil e trocos. Mesmo que a inscrição esteja incluída, são mais 5 mil euros (a mais cara que encaixa no orçamento). Sobram 13 mil para estada, dando uma diária de 1.857€.

Quem me conhece sabe que não sou miserabilista, mas cheira-me a desbunda.

Vindo de quem compra mastros por mais de 10 mil euros, não posso dizer que seja coisa que me espante.

Mas isso sou eu, que sou mesmo assim.

4. Encerrado o que tinha a dizer sobre a viagem, vamos ao resto que também é grave. Muito rapidamente, uma breve explicação do que são as chamadas criptomoedas, pois tenho a certeza que muitos andam à nora sobre o que significam e para que servem.

Consideremos, esta forma de “dinheiro”, como um tipo de moeda digital que permite que se façam pagamentos através de um sistema online. Esta era a forma inicial que esteve na base da sua criação. Actualmente, são mais que isso, pois, mesmo mantendo o seu core inicial, são também uma forma de investimento.

A actividade, nos mercados de criptomoedas, aumentou significativamente. O fascínio por elas parece, hoje, ser mais especulativo (comprar criptomoedas para obter lucro) do que relacionado ao seu uso como um sistema novo, único e seguro para fazer pagamentos.

Não têm valor legislado ou intrínseco; simplesmente, valem o que as pessoas estão dispostas a pagar por elas, no mercado. Têm um limite. Por exemplo: as bitcoins não podem ultrapassar os 21 milhões, o que as torna cada vez mais valiosas, conforme aumenta a sua procura. Não entremos em muitos detalhes (mineração, blockchain, etc.), porque o espaço não chegaria para tanto.

Termino a introdução, deixando-vos o valor de 1 bitcoin na tarde do passado sábado: 37.426,66€. Ou seja, Miguel Albuquerque, na sua viagem a Miami, nem um Bitcoin gastou.

Na intervenção em inglês, quase “macarrónico”, que o Presidente do Governo fez na cimeira, não disse nenhuma mentira. Falou do CINM e dos seus impostos (sem referir as condições para deles poder usufruir) e anunciou que os “indivíduos” que transaccionem bitcoins na Madeira não pagam taxas, nem impostos. O que é verdade. É verdade aqui, em Lisboa, na Abrunhosa do Ladário ou em Freixo-de-Espada-à-Cinta. Em Portugal, vive-se um vazio legal em relação às criptomoedas.

Mas algo se passou nas conversas transversais pois, a Forbes, uma revista que tem muito cuidado com a verdade do que noticia, não anunciaria em letras garrafais, que a Madeira seria o segundo lugar do mundo, depois de El Salvador, onde as bitcoins seriam aceites como moeda oficial de transacção. Isto é uma impossibilidade. Miguel Albuquerque, e o Governo Regional, não têm poderes para isso. Não lhes compete declarar qual a moeda, ou moedas, soberana na Madeira, pois isso é uma competência do regulador, o Banco de Portugal. Que nem o pode efectuar, sem a devida autorização do Banco Central Europeu, do qual faz parte.

Fazer das criptomoedas, moedas de transacção como o euro é estúpido. São enormes as suas flutuações. O que hoje vale X pode amanhã valer X-25%. Basta Elon Musk escrever no Twitter uma bacorada qualquer. É normal que assim aconteça. Querer fazer, das bitcoins, moeda “oficial” é o mesmo que querer fazer valer as acções em bolsa como moeda (passe o exagero). Por enquanto, as criptomoedas são mecanismos de investimento e de pagamento online. Mais nada.

5. Na Câmara Municipal do Funchal, os socialistas laranja acusam os socialistas rosa de uma dívida escondida, que vai variando entre os 30 e os 41 milhões de euros. O que é engraçado é a indignação do Presidente da Câmara, responsável pelas finanças da CMF, que deixou uma dívida de 100 milhões, quando de lá saiu, em 2013.

O Presidente da Câmara, do partido socialista laranja, que foi o responsável por uma dívida de 6 mil milhões de euros (dos quais mais mil milhões escondidos), que levou ao PAEF, que pagamos diariamente.

E em relação a isso, não se lhe conhece uma palavra.

Não se tire de uns, para pôr nos outros. A moeda é a mesma e só mudam as moscas.

VIVA A REPÚBLICA SOCIALISTA DA GRANDE LARANJA.

6. Na passada semana, não houve crónica. Isto chega a todos e, pela segunda vez, fui “atacado” pelo “bicho”.

Permitam-me que faça algumas considerações sobre o assunto, agora mais esquecido, evitando juízos de valor.

No final de 2020, entrando em 2021, tocou-me ter COVID. Não foi fácil. Tive os sintomas todos (febre, dor de cabeça, dores corporais, cansaço, prostração, tosse, congestionamento nasal, perda de paladar e cheiro, dificuldade respiratória). Estive, mesmo, à beira de ser internado.

Em cima de tudo isto, uma enorme preocupação com o meu pai, com 87 anos na altura, que também adoeceu e esteve internado por mais de 15 dias.

Entretanto, recuperei, sem grandes mazelas. Fui fazendo as vacinas até ao reforço. Tenho 61 anos e faço parte de grupos de risco: porque obeso e hipertenso.

No início do mês, uma tosse persistente, dores no corpo e congestionamento nasal. Realizado o teste estava, de novo, positivo.

Bem sei que esta variante é muito menos “agressiva” que a outra que me invadiu. Mas também estou em crer, que o processo vacinal, teve alguma coisa a ver com a sintomatologia, quase inexistente, que tive. Um pouco de febre, no primeiro dia, tosse e dores articulares, durante três, congestionamento nasal e perda de cheiro. Tudo muito ligeiro. Já tive constipações mais fortes do que isto.

Logo que recebi a “carta de alforria”, dei o golpe de misericórdia ao bicho com uma valente poncha à pescador, carregada de limão e aguardente. Como deve ser.

Isto veio para ficar. E bom será que, sem dramas, nos habituemos a esta nova “normalidade”.

7. O modo como os serviços de saúde lidam com quem apanha a doença, mudou significativamente. Para melhor. Muito melhor. A tecnologia surge agora a liderar e a lidar com o processo. Tudo fácil e eficiente. Muito bem! Os meus parabéns, a quem implementou o sistema.