Ausência de acordo de segurança suspende corredores humanitários
As autoridades ucranianas anunciaram hoje a suspensão dos corredores humanitários no Leste da Ucrânia para evacuação de civis por ausência de acordo com a Rússia para garantir a segurança das operações.
A decisão foi anunciada pela vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, conforme descreve a agência noticiosa Efe, que cita o portal de notícias Ukrinform.
"Esta manhã, não conseguimos negociar um cessar-fogo nas rotas de evacuação. É por isso que, infelizmente, não vamos abrir hoje os corredores humanitários", disse a vice-primeira-ministra ucraniana, no Telegram.
Citando Iryna Vereshchuk, a agência francesa AFP conta que a governante promete "não poupar esforços para que os corredores humanitários voltem a funcionar o mais rápido possível" e que esta exigiu a abertura de uma rota de retirada para soldados feridos da cidade de Mariupol.
A situação é especialmente dramática em Mariupol, onde cerca de 100.000 habitantes permanecem retidos depois de várias centenas de civis terem sido retirados nos últimos dias.
No sábado à noite, a Rússia pediu a rendição dos militares ucranianos que estão em Mariupol, exigindo que depusessem as armas a partir das 06:00, horário de Moscovo (04:00 em Lisboa).
Os russos garantiram que as vidas destes militares que estão nesta cidade cercada no leste do país seriam poupadas.
Situada no mar de Azov, Mariupol é um dos principais objetivos dos russos no esforço para obter controlo total da região de Donbass e formar um corredor terrestre, no leste da Ucrânia, a partir da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
De acordo com o autarca desta cidade, pelo menos 20.000 civis morreram nesta cidade desde o início da invasão russa.
No sábado, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a "eliminação" dos últimos soldados ucranianos presentes em Mariupol "poria fim a qualquer negociação de paz" com Moscovo.
Já numa entrevista concedida no sábado a vários órgãos de comunicação social ucranianos, Volodymyr Zelensky instou o mundo a "preparar-se" para a eventual utilização pela Rússia das suas armas nucleares.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.