Milhares de pessoas saem à rua contra extrema-direita em França
Milhares de pessoas manifestaram-se hoje nas ruas de muitas cidades de França contra a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, candidata às eleições presidenciais contra o atual chefe de Estado, o centrista Emmanuel Macron.
Os protestos decorreram não só em Paris, mas também em cidades como Rennes, Lyon, Nantes e Besançon e mais 50 localidades de todo o país, convocados por sindicatos e organizações como a SOS Racismo, sob o lema "Contra a extrema-direita e pela Justiça e a Igualdade" e também "Nem um voto para Le Pen".
Cerca de 22.000 pessoas participaram nas manifestações em toda a França, 9.200 das quais em Paris, segundo números do Ministério do Interior.
"Mais vale um voto que fede que um voto que mata", lia-se numa das faixas da concentração na capital.
Muitos manifestantes afiançavam que votarão em Macron, embora sejam contra as suas ideias, para evitar que Le Pen seja eleita.
Mas outras faixas mostravam, por outro lado, a rejeição de muitos eleitores em recorrer à chamada "frente republicana", ou seja, em votar no candidato que se opõe à extrema-direita para impedir a chegada desta ao poder.
"Nem Macron nem Le Pen" era um desses 'slogans', numa jornada na qual também houve, em Paris, um protesto anti-Macron, organizado pelo ex-número dois de Marine Le Pen, Florian Philippot, que assegurava nas redes sociais que era esperado "um milhão de pessoas". Afinal, foram apenas algumas centenas de pessoas.
Hoje à noite, termina a consulta realizada pelo partido França Insubmissa, do esquerdista Jean-Luc Mélenchon -- candidato eliminado na primeira volta das presidenciais, a 10 de abril -- para perguntar aos seus simpatizantes qual deve ser a posição do partido: votar em Macron para impedir a eleição de Le Pen ou abster-se ou votar em branco.
De acordo com as últimas sondagens, publicadas na revista L'Obs e que dão ao candidato liberal a vitória por uma estreita margem, até 40% dos eleitores de Mélenchon estão dispostos a abster-se ou votar em branco na segunda volta, a 24 de abril, cerca de 29% votarão em Le Pen e cerca de 31% em Macron.
Mélenchon obteve na primeira volta mais de 7,7 milhões de votos, o que corresponde a 22%, atrás dos 23,1% de Le Pen e dos 27,8% de Macron.
Ao contrário de outros líderes de esquerda, Mélenchon apelou para o voto contra Le Pen, embora não tendo pedido diretamente o voto em Macron.
A ecologia ocupou boa parte do discurso mediático de hoje, também no comício de Macron, em Marselha, que dedicou a sua intervenção a anunciar políticas que, indicou, multiplicarão as ações ambientalistas nos próximos cinco anos.
Contra ele, Le Pen, que prometeu desmantelar todos os geradores de energia eólica porque "destroem a paisagem", classificou os anúncios do seu adversário como uma "ecologia punitiva", em contraste com o seu programa de "ecologia nacional" que, segundo várias organizações não-governamentais, "faz temer o pior".
Às primeiras horas da manhã, registaram-se também bloqueios numa das principais artérias da capital francesa, os grandes 'boulevards', onde uma centena de ativistas do grupo ecologista Extinction Rebellion iniciou uma ação de três dias de corte do trânsito para denunciar "a inação" dos líderes políticos perante o aquecimento global.