À entrada do Hospital
Sou dos que pensa e considera que uma árvore não faz a floresta, nem que uma andorinha faz a Primavera. E também sou daqueles que não critico por criticar e sempre que se justifica, elogio. E cabe-me fazer tantos e tantos elogios ao nosso sistema de saúde regional. É lá que vamos parar sempre em qualquer aflição de maior envergadura. Mesmo podendo pagar o privado, na hora da verdade é para o hospital que corremos. E há lá tantos profissionais de mão cheia. Não só médicos, mas enfermeiros, auxiliares, técnicos de diagnóstico. São todos imprescindíveis. Mas como em todo o lado, há excepções.
O que vou narrar é consequência de observação directa, não tendo o episódio lamentável acontecido comigo. Há poucos dias um funcionário da recepção do Hospital Nélio Mendonça foi extremamente rude e insensível com uma senhora que prendia apenas utilizar a casa de banho antes de subir para visitar um familiar internado. Faltavam poucos minutos para a hora permitida e o jovem senhor para fazer prevalecer a sua autoridade perante a visitante não hesitou em vangloriar-se de que tinha conhecimentos e cobertura da “administração” para não se ralar com uma previsível queixa que pudesse ser lavrada. Com ele, repetia, a senhora que só pretendia ir ao WC não entrava nas instalações. Claro que o tal jovem funcionário escolheu como alvo da sua ira uma senhora debilitada, mostrando-se inflexível perante todos os argumentos invocados e fazendo crer à utente que tinha as “costas largas” de uma alta patente do Conselho de Administração. Tenho a certeza absoluta que estava a exorbitar funções e que nenhum gestor gostaria que alguém tratasse daquela forma um seu “cliente”. Este caso foi presenciado por diversas pessoas e por outros funcionários do hospital que, pelos vistos, têm receio de enfrentar o jovem recepcionista cheio de conhecimentos e influências superiores.
Alguém de direito que se digne a transmitir ao jovem que a educação e o civismo valem muito mais do que qualquer tique autoritário, mesmo que ungido por eventuais amizades superiores.
António Sousa