Países bálticos pressionados com chegada de refugiados à região
A chegada de quase 100.000 refugiados da Ucrânia aos países bálticos tem pressionado os serviços sociais de Letónia, Lituânia e Estónia e levantado questões sobre a gestão dos que poderão ficar mais tempo.
A Letónia acolheu, oficialmente, 20.000 refugiados ucranianos, embora o número real possa ser muito superior devido à falta de capacidade administrativa para registar todas as chegadas.
Por sua vez, a Estónia recebeu quase 30.000 ucranianos e a Lituânia quase 45.000 ucranianos que requerem proteção.
Os três países têm alguns ucranianos que residem no país desde a era soviética ou que chegaram como trabalhadores migrantes para a construção ou outros setores.
De acordo com o porta-voz da polícia estoniana e da guarda fronteiriça, citado pela agência Efe, o número de chegadas diárias diminuiu na última semana e dos 30.000 que continuam no país, a maioria encontrou alojamento por si junto de amigos e familiares.
"Apenas 5.500 receberam alojamento estatal", disse o porta-voz.
Linda Curica, conselheira da ministra do Interior da Letónia, Marija Golubeva, disse à Efe que os 40.000 refugiados registados representam um limite que requer uma revisão dos planos.
"Assim que nos aproximarmos deste limite, teremos de planear o que fazer: como financiar, onde acomodar", disse.
O Ministério do Interior letão expressou ainda preocupação com a proteção aos refugiados, em particular a mulheres, devido à exploração e ao tráfico humano, havendo distribuição de panfletos em ucraniano para alertar sobre a existência de contrabandistas ou de esquemas fraudulentos.
Com uma população total estimada próxima dos seis milhões de habitantes, os três países estão sobrecarregados com um número sem precedentes de chegadas, o que levou organizações não-governamentais (ONG) a intervir para complementar ou pressionar as autoridades locais para trabalharem de uma forma mais eficiente.
As agências governamentais da Letónia foram criticadas pela sua lentidão e por encerrarem aos fins de semana enquanto milhares de pessoas procuram ajuda. Procurando complementar esses processos, a ONG 'We Want to Help Refugees' (Queremos Ajudar os Refugiados, em português), montou uma banca num centro de acolhimento de refugiados na capital, Riga.
Já o Conselho para os Refugiados da Estónia intensificou o seu trabalho e angariou milhões de euros em doações e está a oferecer um pagamento único de 50 euros às crianças ucranianas que entram na escola no país, segundo a porta-voz Madle Timm.
A guerra na Ucrânia entrou hoje no 52.º dia, sem que haja um balanço preciso de baixas civis e militares, que diversas fontes, incluindo a ONU, admitem ser consideravelmente elevadas.
O conflito foi desencadeado pela invasão russa do país vizinho, em 24 de fevereiro.
A generalidade da comunidade internacional condenou a Rússia e impôs sanções económicas contra interesses russos, e vários países têm fornecido equipamento militar à Ucrânia para combater as tropas de Moscovo.