Mundo

Venezuela acusa EUA de usarem Direitos Humanos para promover interesses políticos

Foto Ronald Pena/EPA
Foto Ronald Pena/EPA

O Governo do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou hoje os Estados Unidos de usarem os Direitos Humanos para promoverem os seus interesses políticos, num relatório anual elaborado "sem rigor ou credibilidade".

"O Governo da República Bolivariana da Venezuela, mais uma vez, condena categoricamente o (recente) relatório sobre os Direitos Humanos do Departamento de Estado dos EUA, bem como a reiterada prática de qualificar as políticas de outros países nesta matéria, sem qualquer rigor técnico ou credibilidade", afirma um comunicado divulgado em Caracas.

O documento, divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores (MRE) venezuelano, foi emitido depois de o relatório de 2021 do Departamento de Estado norte-americano, divulgado na terça-feira, apontar que, na Venezuela, há centenas de presos políticos, muitos deles em condições críticas.

Segundo Caracas, "é grave que os EUA manipulem um tema tão sensível como os Direitos Humanos para fazer avançar os seus interesses políticos e reiterar o desrespeito demonstrado por Washington pelo bem-estar do povo venezuelano". "Pouco interesse tem o Governo dos EUA pelos direitos de um povo ao que submete a medidas coercivas unilaterais (sanções) e a um bloqueio económico criminoso", critica o governo venezuelano.

Para Caracas, os Estados Unidos deviam antes concentrar-se na resolução dos seus problemas, como o de terem nas suas prisões 2,19 milhões de detidos, ou 25% dos presos do planeta, e de maneira desproporcional afrodescendentes e latinos a viver em prisões sobrelotadas com grandes riscos sanitários e onde persistem penas políticas excessivas, como a do líder indígena Leonard Peltier.

Caracas acusa ainda Washington de qualificar tendenciosamente o exercício dos Direitos Humanos na Venezuela, enquanto restringe o voto dos presos nas suas cadeias e diz que "ações significativas como o encerramento do centro de detenção de Guantánamo ou a travagem da brutalidade policial que em 2021 acabou com 1.141 vidas, continuam por ver nos EUA". "A Venezuela, fiel crente na diplomacia e observadora do Direito Internacional, deseja relações de respeito e cooperação com todas as nações do mundo. Não é através do engano, da chantagem e da agressão que se pode exercer a diplomacia", conclui.

O Departamento de Estados dos EUA denunciou, terça-feira, no seu relatório anual de 2021 sobre os Direitos Humanos que o Governo do Presidente Nicolás Maduro mantém centenas de presos políticos na Venezuela, muitos deles em condições críticas. Segundo o relatório, em outubro de 2021 havia 260 pessoas detidas por motivos políticos na Venezuela, 50 delas "em críticas condições de saúde". O relatório acusa ainda os oficiais das forças de segurança da Venezuela de "cometer numerosas violações dos Direitos Humanos", sem que o Governo as identifique e investigue.

Segundo a organização não-governamental venezuelana Foro Penal (FP), em 10 de abril de 2022 240 pessoas estavam detidas no país por motivos políticos e mais de nove mil cidadãos continuam "submetidos arbitrariamente" a medidas restritivas da liberdade.