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Criar (o) futuro (VI)

Abril. Um mês feito de dias significativos, em que se comemora, entre outras efemérides, a Liberdade, a Saúde e a Interculturalidade.

Falar de liberdade é crucial, num contexto histórico em que, na Europa de que fazemos parte, há um povo a lutar pela sua soberania. E não há liberdade sem coragem. Mais do que cerimónias, mais do que discursos, a liberdade tem de ser sinónimo de coragem, de pensar e fazer diferente, de preparar as gerações presentes e vindouras para a construção de uma sociedade de paz e tolerância. Tolerância no sentido de aceitação e não discriminação, de assumir um comportamento digno ao lidar com diferentes culturas. Nesta senda, a Semana da Interculturalidade veio reforçar, entre outras mensagens, que é através do diálogo e do respeito pela diversidade e diferença que atingimos uma sociedade mais solidária. A nossa democracia e liberdade ficam em causa se formos cúmplices de afirmações e ações que façam perigar os valores humanistas e de cidadania que devem ser a matriz de um país desenvolvido em termos sociais.

O bem-estar e desenvolvimento social, pilares fundamentais de um crescimento equilibrado passam, igualmente, pela área da Saúde. Neste mês em que se comemorou o Dia Mundial da Saúde, realço a assinatura do protocolo de adesão da Câmara Municipal do Funchal à Estratégia Regional de Promoção da Alimentação Saudável e Segura, em que a SocioHabitaFunchal, E.M. (SHF) será também parceira na implementação de medidas e ações junto dos seus inquilinos para uma melhor e mais sustentável alimentação. A inclusão social também se faz dando mais ferramentas e competências para decisões mais informadas da nossa população, criando hábitos de vida saudáveis. Tem sido uma preocupação constante dos técnicos da SHF promover, quer nos centros comunitários quer através da sua intervenção social, um manancial de práticas que promovam hábitos saudáveis e sustentáveis. Temática pertinente e atual, ainda mais quando sabemos que a guerra no “celeiro da Europa” está a se transformar numa crise humanitária e alimentar. Com os preços e a inflação a subirem, toda e qualquer estratégia que potencie e promova boas práticas alimentares é de saudar. Por isso, enalteço a posição da atual Câmara Municipal do Funchal em colocar na ordem do dia o tema da alimentação saudável e segura.

Para terminar, uma breve referência a duas outras comemorações, ambas do dia 23 de abril, em que se celebram o Dia Nacional de Educação de Surdos e o Dia Mundial do Livro. Uma referência especial, e com orgulho acrescido de sobrinha e afilhada, ao trabalho notável e dedicação do Professor Eleutério de Aguiar, que tanto contribuiu para a inclusão das pessoas surdas em termos de educação, e, celebrando a leitura, deixo um pequeno excerto do livro O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo, de Haruki Murakami que, nos últimos tempos, foi o livro que mais me marcou, até porque representa uma alegoria sobre os tempos modernos: “Abre o teu coração. Não és nenhum prisioneiro. És um pássaro que atravessa os céus”.