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Rússia nega acusações "insultuosas" sobre violações sexuais na guerra

Foto: EPA/SERGEY DOLZHENKO
Foto: EPA/SERGEY DOLZHENKO

A Rússia negou hoje perante o Conselho de Segurança nas Nações Unidas as acusações de violações sexuais por parte de militares russos na guerra na Ucrânia, as quais classificou como "insultuosas" e "sem bases".

"Hoje, temos novamente aqui acusações insubstanciais contra os militares russos por fazerem o seu dever nesta operação militar especial na Ucrânia. Rejeitamos veemente estas insinuações insultuosas e sem base", afirmou o vice-embaixador da Rússia junto da Organização das Nações Unidas (ONU), Gennady Kuzmin.

O Conselho de Segurança da ONU realizou hoje o seu debate anual aberto sobre violência sexual relacionada com conflitos, intitulado: "Responsabilidade como Prevenção: Fim dos Ciclos de Violência Sexual em Conflitos".

A reunião centrou-se no fortalecimento da responsabilidade e na abordagem da impunidade da violência sexual relacionada com conflitos, e as acusações de violações sexuais na Ucrânia por parte dos militares russos foram citadas por várias delegações diplomáticas.

"Tenho expressado grande preocupação com as crescentes alegações de violência sexual e pedi investigações rápidas e rigorosas, para garantir a responsabilização como um aspeto central da dissuasão, prevenção e não repetição. Os testemunhos pessoais angustiantes e fotografias vistas em todo o mundo, violações sob a mira de uma arma e violações na frente de familiares, são uma chamada de ação", disse a representante especial do Secretário-Geral da ONU sobre Violência Sexual em Conflitos, Pramila Patten.

Contudo, para Gennady Kuzmin está em causa "uma guerra de desinformação" contra a Rússia, acusando os militares ucranianos de praticarem crimes sexuais na região de Donbass.

"Um dos objetivos desta campanha de desinformação contra os militares russos no terreno é esconder a violência sexual que os militares ucranianos radicais estão a praticar na região de Donbass durante anos, desde 2014. (...) Achamos que os perpetradores devem ser julgados e punidos e estes atos não podem ser silenciados como o ocidente quer", advogou o vice-embaixador russo.

O Governo ucraniano denunciou à União Europeia, no final do mês passado, "inúmeros casos" de violação de mulheres pelas forças da Rússia durante a invasão russa da Ucrânia, assegurando ter provas desses crimes.

Na reunião de hoje do Conselho de Segurança, foram várias as vozes que se levantaram para criticar a atuação dos militares russos, como a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, que denunciou "o crescente número de relatos de violência sexual por parte das forças russas" na guerra na Ucrânia.

"Estamos coletivamente chocados com os testemunhos abomináveis que estão a surgir surgindo da Ucrânia. As denúncias de violações e violência sexual cometidas pelas forças armadas russas devem ser devidamente investigadas", disse, por sua vez, o diplomata britânico Tariq Ahmad.

Tariq Ahmad, que presidiu a reunião do Conselho de Segurança, aproveitou a reunião para anunciar que o seu país organizará uma conferência internacional em novembro próximo para prevenir a violência sexual em conflitos.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,6 milhões das quais para os países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.