Livre faz depender sentido de voto de aceitação de propostas do partido
O deputado único do Livre fez hoje depender o sentido de voto na proposta de Orçamento do Estado da aceitação de propostas que o partido considera essenciais para uma "transformação estrutural" da sociedade.
"A proposta hoje entregue é pautada por uma linha orientadora do Governo na qual o Livre não se revê e com a qual tem diferenças assinaláveis: o Governo tende a ver as mudanças que estamos a passar como conjunturais, e o Livre como estruturais", afirmou Rui Tavares, em declarações aos jornalistas no parlamento.
O deputado considerou que, mesmo admitindo que a inflação possa ser conjuntural, esta chega a Portugal "em cima de muitos anos em que os trabalhadores perderam poder de compra".
"Os portugueses precisam de recuperar poder de compra e, se for conjuntural, ter uma política assente num pacto para rendimentos, trabalho e proteção social", defendeu.
O Livre irá insistir em três propostas que diz ter o intuito de fazer "transformações estruturais da economia" e será através dos "sinais políticos" que receber que decidirá o sentido de voto.
"Em primeiro lugar, o programa '3C' (Casa, Conforto e Clima) para apostar no conforto térmico das casas, baixar a fatura de energia e assegurar a soberania energética", disse.
Para além deste programa, o Livre propõe a criação de apoios, como foram dados aos transportes públicos, mas para o transporte escolar em veículos elétricos, que também poderiam apoiar a população sénior ou com mobilidade reduzida.
Tavares insistiu ainda numa proposta aprovada no Orçamento do Estado para 2020, na altura apresentada por Joacine Katar Moreira, que diz "ainda não ter saído do papel": a criação de uma agência ou unidade de missão para o Novo Pacto Verde ('Green New Deal').
"São três elementos para os quais queremos ouvir respostas que nortearão toda a atitude que o Livre terá na generalidade, especialidade e votação final global", disse, assegurando que o partido ainda não fechou o seu sentido de voto.
O Governo entregou hoje ao início da tarde, na Assembleia da República, a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), que prevê que a economia portuguesa cresça 4,9% em 2022 (uma ligeira revisão em baixa de 0,1 pontos percentuais face à última estimativa) e mantém a previsão de um défice de 1,9% do PIB.