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Bolsonaro relativiza compra de Viagra para militares e diz que remédio combate hipertensão

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O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, relativizou hoje as aquisições de milhares de comprimidos de Viagra autorizadas pelas Forças Armadas, afirmando que a compra do medicamento visou combater a hipertensão arterial e doenças reumatológicas.

"As Forças Armadas compram o Viagra para combater a hipertensão arterial e, também, as doenças reumatológicas", disse Bolsonaro, num pequeno-almoço com aliados em Brasília.

"Foram trinta e poucos mil comprimidos para o Exército, 10 mil para a Marinha e eu não peguei da Aeronáutica, mas deve perfazer o valor de 50 mil comprimidos. Com todo o respeito, isso é nada (...) A quantidade para o efetivo das três Forças, obviamente, muito mais usado pelos inativos e pensionistas", acrescentou.

A declaração ocorreu depois de o deputado federal Elias Vaz, que faz oposição ao Governo, ter denunciado publicamente esta semana a aquisição por parte das Forças Armadas de pelo menos 35 mil comprimidos de Viagra em concursos realizados em 2020 e 2021.

O Ministério da Defesa brasileiro também justificou as licitações informando que os comprimidos de Sildenafil, princípio ativo do Viagra, foram realizadas para o tratamento de casos de hipertensão arterial pulmonar em hospitais militares, doença rara que acomete principalmente mulheres.

Os especialistas, no entanto, esclareceram que as Forças Armadas compraram comprimidos com entre 25 e 50 miligramas de Sildnafila, indicados para tratar a disfunção erétil, e não os de 20 miligramas, usados para tratar a hipertensão arterial pulmonar.

Bolsonaro também aproveitou para criticar o trabalho da imprensa, afirmando que os 'media' não procuram saber a verdade.

Outros documentos descobertos e divulgados pelo deputado Elías Vaz e pelo senador Jorge Kakuru indicam que o Exército brasileiro também gastou 3,5 milhões de reais (cerca de 668 mil euros) em três concursos diferentes no ano passado para comprar 60 próteses penianas de silicone com extensões que variam de 10 a 25 centímetros.

As próteses indicadas para casos de disfunção erétil foram entregues em hospitais do Exército nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Desde que Bolsonaro, um capitão reformado do Exército, tomou posse em janeiro de 2019, as Forças Armadas têm estado envolvidas em várias polémicas devido à sua forte presença na base de apoio do executivo.

Na semana passada, O jornal Globo noticiou a aprovação de processos de compra de mais de um milhão de quilos de picanha (carne nobre usada em churrascos), filé mignon e salmão entre janeiro de 2021 e fevereiro de 2022, na gestão do ex-ministro da Defesa e provável candidato à vice-presidência na coligação de Bolsonaro, o general Walter Braga Netto.

Embora o país enfrente problemas económicos devido à pandemia e a deterioração das contas públicas, O Globo noticiou que os concursos para a compra destes alimentos de alto valor para membros das Forças Armadas somam mais de 56 milhões de reais (10,8 milhões de euros).