Madeira pode esperar derrogação de prazos mas não isenção das emissões de gases
"Para ser honesto, eu diria que não deveriam ser derrogações mas isenções, mas não acredito que sejamos bem sucedidos", afirmou Marian-Jean Marinescu, quando questionado sobre a aplicação na Madeira, nomeadamente nos transportes marítimos, das normas do 'pacote verde' europeu no que diz respeito à emissão de gases e utilização de combustíveis menos agressivos para o ambiente.
O chefe da missão da Comissão de Transportes e Turismo do Parlamento Europeu falava na conferência de imprensa que se seguiu à reunião com a Comissão de Economia, Finanças e Turismo da Assembleia Legislativa da Madeira.
O eurodeputado romeno não acredita ser possível ir além de um derrogação da aplicação das medidas do pacote 'Fit for 55', nos transportes aéreos e marítimos, porque "há uma grande maioria, no Parlamento Europeu, que quer cortar emissões a qualquer preço".
Marinescu, que fez um balanço muito positivo aos três dias de trabalho na Madeira, acredita ser possível aprovar derrogações para lá de 2030, o que seria um objectivo atingido. A Comissão Europeia defende que as medidas de excepção devam ser para ligações entre as ilhas e o continente, mas os eurodeputados defendem, num memorando, que seja para todos os países da União Europeia e entre as regiões ultraperiféricas.
"Vamos ver o que serão os resultados destas negociações". Marian-Jean Marinescu, Chefe de Missão do PE
O chefe da missão destacou a importância dos contactos com entidades públicas e privadas, mas também gostava de ter ouvido "as pessoas" - com algum humor prometeu falar com o taxista a caminho do aeroporto -, embora vários eurodeputados tenham destacado o trabalho de "promoção da Madeira" feito por motoristas e todos os que trabalharam com a delegação.
Marian-Jean Marinescu também aproveitou para referir que, como acontece com todas a delegações, nos locais das visitas "é pedido dinheiro da União Europeia", o que considera normal, mas lembra que a esmagadora maioria das verbas comunitárias, nomeadamente do PRR, "ficam nas capitais dos países" e são os governos nacionais a distribuir.
Antes, num balanço aos três dias da visita, Cláudia Aguiar (PSD) e Sara Cerdas (PS) sublinharam a importância de mostrar aos eurodeputados da comissão a realidade de uma região ultraperiférica e insular. O mesmo referiram outros eurodeputados como a maltesa Josianne Cutajar que representa a ilha de Gozo e, por isso, compreende o que é a dupla insularidade.
Entre os vários deputados que fizeram intervenções de referir a do italiano Marco Campomenosi que lembrou que a Sardenha, uma ilha com cerca de 1,5 milhões de habitantes não tem qualquer eurodeputado, enquanto a Madeira, com muito menos população conseguiu eleger dois o que diz ser "muito importante".
Também foi evidente, na conferência de imprensa, que a aprovação de excepções às emissões de gases será muito difícil, sobretudo para os países do centro da Europa. Vera Tax (Países Baixos) foi clara ao destacar a necessidade de uma alteração profunda nos transportes e a adopção de equipamentos e hábitos menos agressivos para o ambiente.