A Guerra Mundo

Kiev espera obter "informações interessantes" de aliado de Putin detido

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Foto: Sergei SUPINSKY / AFP

As autoridades ucranianas esperam obter "informações interessantes e detalhadas" do político pró-russo Viktor Medvedchuk, cuja detenção foi anunciada na terça-feira, por ser um amigo e aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, disse um conselheiro presidencial em Kiev.

"Ele sabe muito sobre os preparativos da Rússia para a guerra", afirmou Oleksiy Arestovych, numa declaração transmitida, na terça-feira à noite, no canal YouTube do ativista da oposição russa Mark Feygin.

O conselheiro do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse também que o político ucraniano pró-russo foi detido fora de Kiev.

A detenção foi anunciada na terça-feira pelo próprio Zelensky na rede social Telegram, com uma mensagem acompanhada de uma foto de Medvedchuk, sentado, algemado e vestido com roupas militares com um crachá com a bandeira ucraniana.

Horas depois, Zelensky propôs à Rússia a sua troca por ucranianos capturados pelas forças russas na Ucrânia.

"Proponho à Federação Russa que troque este seu homem pelos nossos filhos que estão agora em cativeiro russo", disse Zelensky no seu discurso regular divulgado à noite na página da presidência na Internet.

"Por conseguinte, é importante que as nossas forças policiais e militares também considerem esta possibilidade", acrescentou.

Medvedchuk, 67 anos, estava sob prisão domiciliária desde maio de 2021, após ter sido acusado de "alta traição" e "tentativa de roubo de recursos naturais na Crimeia", a península ucraniana anexada pela Rússia em 2014.

Em 26 de Fevereiro, dois dias após o início da invasão russa da Ucrânia, a polícia ucraniana notificou o seu desaparecimento durante uma visita de controlo.

Putin é padrinho de uma das filhas de Medvedchuk, considerado a 12.ª pessoa mais rica da Ucrânia pela revista Forbes em 2021, com 620 milhões de dólares (cerca de 572 milhões de euros).

Viktor Medvedchuk é fundador do partido pró-Rússia Plataforma da Oposição - Pela Vida, que tinha 34 dos 450 deputados ao parlamento ucraniano antes de ser banido em março.

Na sequência da invasão russa e da imposição da lei marcial no país, Zelensky suspendeu a atividade de vários partidos políticos com ligações à Rússia.

O porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitry Peskov, recusou na terça-feira comentar a detenção de Medvedchuk às agências de notícias russas, alegando que "há muitas alegações falsas vindas da Ucrânia" que têm de "ser verificadas primeiro".

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de Fevereiro, desencadeando uma guerra que provocou um número ainda por determinar de baixas civis e militares.

A guerra, que entrou hoje no 49.º dia, levou à fuga de mais de 11 milhões de pessoas, incluindo 4,6 milhões para países vizinhos.

A comunidade internacional reagiu à invasão russa com sanções económicas e políticas contra Moscovo, e com o fornecimento de armas a Kiev.