À boleia de Marie Le Pen

Antecipando um provável bom resultado eleitoral de Marie Le Pen, o que se confirmou domingo passado na primeira volta das presidenciais francesas, André Ventura voltou “à estrada” com “outdoors” em que se destaca a fotografia do presidente do CHEGA e um slogan redundante e sem grande novidade: “A voz dos portugueses de bem”. Não sei se os eleitores se reconhecem naquela “assinatura” e se a “tribalização” que o CHEGA pretende normalizar ainda pode render politicamente. Uma coisa parece óbvia: André Ventura não perde a oportunidade para apanhar uma qualquer boleia. Falta saber se o levará a algum lugar ou, sequer, mais longe. Independentemente da representação parlamentar que faz dele a 3.ª força política, ainda está por provar se o CHEGA é um mero “flash” eleitoral, com picos que conjugam o populismo do discurso e o descontentamento popular, não passando de um “momento” meramente conjuntural. Depois da novidade que foi o resultado da noite eleitoral de 30 de janeiro, o que sobra, no imediato, é o ruído em torno do insucesso da eleição de um vice-presidente da AR e do “cigano” que se encontra em fuga, como se este não tivesse a cumplicidade e participação de outros dois indivíduos (por sinal, militares) no assassinato do polícia à porta de uma discoteca de Lisboa, na manhã de 19 de março.

Nesta questão, Ventura “já meteu o pé na poça.” E os portugueses terão notado.

Armando Augusto Ferreira Leite