Porto de Leixões não espera perdas significativas com sanções à Rússia
A Administração dos Portos do Douro e de Leixões (APDL) não espera "perdas significativas" depois de sábado devido às sanções impostas à Rússia por causa da guerra, após os navios russos deixarem de poder atracar na União Europeia.
"Relativamente à atual guerra na Ucrânia e sanções impostas à Rússia não se indiciam perdas significativas, pois estima-se a sua compensação com outros segmentos de carga que estão em atual crescimento, fazendo este equilíbrio económico-financeiro", pode ler-se numa resposta enviada por fonte oficial da APDL à agência Lusa.
Depois de sábado, dia 16 de abril, navios russos deixarão de poder atracar em portos da União Europeia (UE), de acordo com um regulamento hoje publicado no Jornal Oficial da UE.
"É proibido, após 16 de abril de 2022, facultar o acesso aos portos situados no território da União de qualquer navio que arvore o pavilhão da Rússia", pode ler-se no texto legislativo europeu divulgado hoje.
Na resposta enviada à Lusa, a APDL divulgou que "os portos de Leixões e Viana do Castelo recebem, em média, cerca de 12 navios de bandeira da Rússia por ano".
Em 2021, segundo números da administração liderada por Nuno Araújo, a carga movimentada pelas embarcações russas totalizou "3.214 toneladas no que concerne à exportação e 38.577 toneladas no que diz respeita às importações".
"A pandemia, o fecho da refinaria e a guerra na Ucrânia (e consequente aumento do preço da energia) são fatores de quebra do movimento portuário. A quebra mais significativa é nos granéis líquidos, consequência do encerramento da refinaria" de Matosinhos, lembra ainda a administração portuária na resposta à Lusa.
De acordo com o regulamento europeu, a partir de sábado apenas estão autorizados a atracar, pelas autoridades competentes de cada país, e "após terem determinado que esse acesso é necessário", navios para "aquisição, importação ou transporte para a União de gás natural e de petróleo, incluindo produtos petrolíferos refinados, de titânio, alumínio, cobre, níquel, paládio, minério de ferro bem como de certos produtos químicos e de ferro".
Questionada pela Lusa sobre a eventual chegada futura de navios russos para transação destas matérias-primas, a APDL referiu que "não está prevista a chegada de navios de transporte das matérias anunciadas de bandeira da Rússia", tal como navios russos de qualquer tipo.
A APDL referiu também, em resposta a pergunta da Lusa, que "nos últimos anos não atracaram" nos portos sob a sua jurisdição "iates ou embarcações similares provenientes da Rússia".
Além das matérias-primas referidas anteriormente, está também autorizada a entrada de navios para "produtos farmacêuticos, médicos, agrícolas e alimentares, incluindo trigo e fertilizantes" autorizados", "fins humanitários", "transporte de combustível nuclear e outros bens estritamente necessários ao funcionamento de capacidades nucleares civis", e carvão (até 10 de agosto de 2022).
Os Estados-membros têm ainda de informar em duas semanas "os outros Estados-Membros e a Comissão de qualquer autorização concedida" neste âmbito.
A proibição abrange ainda navios russos que tenham alterado o seu pavilhão ou registo para outros países após 24 de fevereiro, data do início da invasão russa à Ucrânia.
O porto de Leixões é o segundo maior de Portugal em toneladas movimentadas e o maior no que se refere ao movimento de e para o 'hinterland' em carga contentorizada, num universo de mais de 14 milhões de habitantes, exportando para cerca de 184 países.
Em 2021, diminuiu a carga movimentada de 17 milhões para 15,1 milhões de toneladas, devido aos granéis líquidos, mas manteve a liderança face aos portos da Galiza, sendo o maior do noroeste peninsular.