França expulsa seis espiões russos "declarados persona non grata"
A França decidiu expulsar seis espiões russos que estariam a operar sob disfarce na embaixada da Rússia em Paris e "cujas atividades provaram ser contrárias aos [seus] interesses nacionais", adiantou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
"Após uma grande investigação, a Direção Geral de Segurança Interna (DGSI) revelou no domingo, 10 de abril, uma operação clandestina realizada pelos serviços de inteligência russos no nosso território. Seis agentes russos a operar sob cobertura diplomática (...) foram declarados persona non grata", disse a diplomacia francesa em comunicado.
"Na ausência do embaixador russo, o número dois foi convocado ao Quai d'Orsay [sede do Ministério] esta noite para ser informado desta decisão", prosseguiu.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, elogiou o trabalho da contra-inteligência francesa.
"Notável operação de contra-inteligência. Bravo aos agentes das DGSI que impediram uma rede de agentes clandestinos russos. Nas sombras, a DGSI zela pelos nossos interesses fundamentais", escreveu o governante no Twitter.
Paris já havia anunciado no última segunda-feira a expulsão de 35 diplomatas russos, dizendo que as suas atividades eram "contrárias" aos interesses franceses e especificando que a sanção fazia parte de "uma abordagem europeia".
O Quai d'Orsay disse à agência de notícias AFP que os seis espiões foram adicionados à lista da semana passada.
Muitos outros países europeus, como Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Eslovénia, Áustria, Polónia, Grécia ou Croácia, expulsaram diplomatas russos desde o início do conflito russo-ucraniano.
Os Estados Unidos, por sua vez, enviaram para casa 12 membros da missão diplomática russa na ONU no início de março.
Em alguns casos, as expulsões respondiam à eclosão da guerra na Ucrânia pelos russos e aos abusos pelos quais são acusados pelo Ocidente. Noutros casos, foram acompanhados de acusações de espionagem.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.842 civis, incluindo 148 crianças, e feriu 2.493, entre os quais 233 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.