Costa vai ler com atenção artigo de Cavaco em que é criticado por falta de coragem
O primeiro-ministro afirmou que vai ler hoje à noite com atenção o artigo que o ex-Presidente da República Cavaco Silva escreveu no jornal Público e em que o critica por ter baixo grau de coragem política.
"Ainda não li, mas estou curioso e vou ler esta noite com calma", declarou António Costa aos jornalistas, depois de ter participado numa sessão de homenagem ao ex-presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos Rui Vilar, na Cultugest, em Lisboa.
Num artigo de opinião publicado hoje no jornal Público, Cavaco Silva traçou o perfil político de António Costa com base na análise da atuação do primeiro-ministro nos seis anos de chefe do Governo, concluindo que "sobressaiu a aversão a políticas de cariz estrutural".
Confrontado pelos jornalistas com estas posições críticas manifestadas pelo ex-Presidente da República, António Costa não as comentou para já, alegando que ainda não leu o artigo de opinião.
Interrogado se o vai ler, o líder do executivo respondeu: "Então não havia de ler o texto de um político com a experiência longa do professor Cavaco Silva. Claro que se tem de ler com atenção", declarou.
Nesse artigo, Cavaco Silva elege as áreas da administração pública, sistema fiscal, justiça e mercado de trabalho como as principais em que o Governo tem poder para tomar medidas com forte impacto positivo no crescimento da economia e diz que o perfil dos ministros por elas responsáveis "é ainda desconhecido", à exceção do ministro das Finanças, a quem reconhece "um grau médio de coragem política".
Cavaco Silva defende que no programa do Governo apresentado à Assembleia da República "não se detetam sinais de um ímpeto reformista nas áreas em questão, com a exceção da Administração Pública".
No entanto, insiste, "o facto de o Governo dispor de apoio maioritário no parlamento faz com que a atuação do primeiro-ministro no passado e o próprio conteúdo do programa sejam indicadores da avaliação do grau de coragem política de relevância limitada".
"Com efeito, na prática, o Governo, confrontado com o empobrecimento relativo do país, pode ir além das medidas constantes do programa aprovado pelo parlamento e o primeiro-ministro pode adotar um perfil mais favorável ao crescimento económico", acrescenta.